domingo, 31 de maio de 2015

sábado, 30 de maio de 2015

RUI RIO - O HOMEM E SUA CIRCUNSTÂNCIA

Leio por aí que Rui Rio tem tudo preparado para anunciar a sua candidatura a Presidente da República.
Ele saberá melhor que ninguém se as circunstâncias lhe são ou não favoráveis e se o cargo lhe interessa, agora e já, ou não. Contudo, a minha aposta é que não vai ser candidato ao cargo, agora.

JORGE JESUS - O HOMEM E A SUA CIRCUNSTÂNCIA

Jorge Jesus ganhou mais uma taça de futebol ao serviço do Benfica e tornou-se o mais premiado treinador do clube.
O pessoal goza com o seu discurso relativamente primário (que ele reconhece), mas o certo é que Jesus tem forçosamente que ter conhecimentos do métier, ainda que as "circunstâncias" (direcção do clube, situação dos concorrentes, etc.) possam tê-lo favorecido. 
Honra ao mérito do vencedor Jorge Jesus.

CARLOS COSTA - O HOMEM E A SUA CIRCUNSTÂNCIA

Dizia Ortega Y Gasset que 'o Homem é o Homem e a sua circunstância'.
Por isso, é-me sempre difícil colocar-me no lugar do "outro". Temo sempre afirmar que "se fosse a ele (ou a ela)" agiria desta ou daquela maneira, muito menos sem conhecer os contornos e as versões em conflito.
Vem isto a propósito do post abaixo, do 4-Pereiró, sobre Carlos Costa.
Neste caso, creio poder afirmar que no seu lugar não aceitaria ser reconduzido sem o acordo ou, no mínimo, a não oposição do Partido Socialista, independentemente do partido ou coligação que venha a vencer as próximas eleições legislativas, que ele, obviamente ignora. Em qualquer dos casos não vai ficar bem em futuras fotografias. Mas isso sou a dizer, que não conheço "as circunstâncias" de Carlos Costa nem as linhas com que se cose.

PEDITÓRIOS

Fui, durante anos, um fiel contribuinte na recolha de bens alimentares para o Banco Alimentar.
Hoje, tenho mais dúvidas do que certezas. Se há, e há, muitos milhares de pessoas que colaboram abnegadamente na iniciativa, receio haver muito aproveitamento por parte de umas quantas dezenas, que assim mostram a sua caridadezinha e disso tiram proveito de imediato ou em diferido e não necessariamente monetário. 
Em tempos, até havia os pobres privativos das famílias bem, para que a sociedade e o "poder" disso tivesse conhecimento e por isso eram compensados com uma comenda ou coisa parecida.
Isto acaba por ser também um bom negócio para as grandes superfícies, que facturam o que muito iria ser distribuído graciosamente por se encontrar perto do prazo de validade.
Por outro lado, por que não abdica o Estado do IVA dos bens doados? Não seria difícil montar um esquema que permitisse, na origem ou a posteriori, a isenção ou a devolução na íntegra do IVA. Mas não, o Estado também aqui esmifra os contribuintes bem intencionados e sente-se confortável.

CONTRIBUTOS EXTERNOS


O caso dos buracos
no queijo suíço

Por Antunes Ferreira

O caso do mistério dos buracos no queijo suíço já tinha mais de cem anos. Mas, agora, surge o eureka. Após um século, mais coisa, menos coisa, de investigação, os sucessivos cientistas que dele se encarregaram chegaram, enfim uma conclusão, ao que parece definitiva. E, finalmente não foi necessário para chegar ao último patamar do caso, recorrer a grandes diligências, algumas inesperadas de todo. Perry Mason não foi convocado, muito menos a sua secretária e amiga (suspeita) Della Street, nem sequer o detective Paul Drake. O Senhor Erle Stanley Gardner  tinha os direitos de autor mais caros do que a Autoridade Tributária quanto aos impostos, o que se afigura impossível… ou quase.
Isto porque as autoridades científicas da Confederação Helvética que se dedicaram ao estudo do fenómeno o desvendaram. E ficou-se a saber que elas são: a Agroscope, que é o instituto das ciências alimentares sediado em Berna cujos investigadores colaboraram com os colegas do Laboratório Federal Suíço de Testes de Materiais e Investigação, o Empa. Valioso trabalho sem necessitar de publicidade até que o caso ficou resolvido. 
Os famosos "buracos" de queijos como o Emmental e o Appenzell resultam dos gases produzidos por partículas de feno durante o processo de fermentação, explicou o Agroscope em comunicado. Era um enigma que, de acordo com os conclusivos investigadores “fascinava tanto as crianças como os adultos”
Os "buracos" tendem a desaparecer depois de o leite ter passado a ser extraído por meio de técnicas mais modernas, em vez da ordenha tradicional das vacas, constataram os investigadores que afirmaram que “é o desaparecimento do tradicional balde” colocado sob as tetas das vacas para apanhar o leite. Quem havia de dizer que o caso era de resolução fácil? Nada disso, muito pelo contrário.
Veja-se o histórico das investigações. Já em 1917 o norte-americano William Clark, especialista em leite e seus derivados, publicara um artigo aprofundado sobre a formação dos ditosos buracos no Emmental.
Ao longo dos anos continuaram as pesquisas, sem grandes resultados. Até que agora o Agrocope e o Empa vieram explicar que com a modernização da ordenha a mãos limpas (?) e portanto com sistemas totalmente automatizados e computadorizados o leite passou a estar mais… limpo. Durante os inúmeros testes que foram feitos, os investigadores viriam a descobrir que a variação da quantidade de feno influenciava a dimensão dos buracos.
Daí que os fãs do Emmental e do Appenzell terão de se habituar a consumi-los com buracos cada vez mais pequenos e, quem sabe? sem eles. Será caso para nova investigação desta feita sociológico- gastronómica? Tudo indica que é bem possível. O Homem é um animal de hábitos, um ser que se habitua a novas situações, desafios e soluções. Nem será preciso referir o Senhor Ivan Petrovich Pavlov , pois o seu famoso reflexo condicionado não lhe traria o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1904. Este foi-lhe atribuído pela Academia Sueca pelas suas descobertas sobre os processos digestivos dos animais. Ironias da ciência e por isso da vida..
Mas a moeda tem sempre duas faces [tal como o (des)Governo português] Como é sabido os relógios, os chocolates e os queijos constituem a trindade mais querida para os cidadãos helvéticos (estive quase a escrever cidadões, mas contive-me). Se tomarmos em conta dados da Bloomberg, a agência de notícias financeiras, a Federação Helvética exportou o Emmental, considerado o mais procurado mundialmente, com o valor de mais de 500 milhões de euros. E é bom não esquecer que a Suíça nem pertence ao grupo da moeda única.
Quando alguém procura conciliar a austeridade com o crescimento da economia tem de se lhe mandar à… Suíça para efeitos do esquecimento. Comer muito queijo, mesmo sem buracos resulta na má memória ou na mal intencionada memória ou até na ausência total dessa mesma memória. É o caso dos (des)governantes do nosso país. Portanto, avante para a Suíça para aprenderem que não podem – nem devem –abusar da ingestão de queijo, qualquer que seja a sua denominação ou a sua marca. E também para que nós nos vejamos livres deles…
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O sector dos queijos é um tema muito querido para os suíços, que em 2013 exportaram mais de 500 milhões de euros deste produto, com o Emmental como o mais procurado internacionalmente, segundo dados da Bloomberg.
A busca por uma resposta provém de, pelo menos, 1917, quando o americano William Clark publicou um artigo sobre esta característica no Emmental. Então, a explicação encontrada foi a da formação de dióxido de carbono produzido pelas bactérias do leite.
Quase nove décadas decorridas, os cientistas perceberam que os queijos produzidos desde o início do século têm menos buracos. Em resultado disso, atenderam à mudança dos métodos de ordenha. Daí até à correlação com o feno e a pureza do leite foi um passo. Acidental, como reconhece o comunicado emitido pelo Agroscope.


Verticalidade - precisa-se!

Carlos Costa, o actual e futuro Governador do Banco de Portugal, foi muito criticado na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES, mesmo por deputados da actual maioria. Basta ler o relatório com as conclusões finais da dita Comissão para se concluir que não escapou à crítica unânime de todos ou quase todos os deputados que integraram aquela Comissão. Mas não só. Foi criticado, também, por muitas outras pessoas, nomeadamente comentadores e analistas políticos de todas as tendências. E pior que isso, é mal tratado e muito insultado nas diversas manifestações dos lesados do BES. Até, em manifestações no estrangeiro! Ora, se a tudo isto, que não é pouco para afectar a credibilidade de alguém que quer ocupar um lugar importante no sistema financeiro do país, juntarmos o facto de a indigitação Carlos de Costa não ser consensual, bem pelo contrário – toda a Oposição é contra a sua nomeação –, bem podemos dizer que em defesa da sua honorabilidade Carlos Costa não devia aceitar o cargo. O que fará se daqui a cinco meses tiver que conviver com um governo liderado por quem agora não o quer no cargo. Verticalidade, é o que quer de quem vai ocupar um cargo tão importante!


A justiça é igual para todos? Acho que não!

Faço parte do número de portugueses, infelizmente muito numeroso, que não acredita na justiça. Talvez por isso dou pelo menos o benefício da dúvida a quem diz ter sido condenado injustamente, sem factualmente ter sido comprovada a sua acção criminosa.
Também faço parte de um bom número de portugueses que não punha a mão no fogo (nem uma unha, quanto mais a mão) por Isaltino Morais, ex-ministro e ex-presidente da Câmara de Oeiras. Mas não é de hoje que digo achar muito estranho o facto de ele ter sido condenado a dois anos de prisão (menos de metade de cinco), por um crime de fraude fiscal, que é grave, mas muito longe da gravidade de um crime de sangue, e não lhe ter sido suspensa a pena. Por isso concordo com ele, quando escreve o seguinte num livro agora editado: “Se eu fosse um vulgar cidadão seria absolutamente normal que as leis se cumprissem. No caso Isaltino era preciso recolhê-lo à prisão, porque assim regenera-se a política e a paz volta a reinar no mundo judicial”.

Ao ler esta citação de Isaltino Morais lembrei-me logo de Sócrates. Está preso há pelo menos seis meses, sem acusação e, ao que se ouve e lê, sem provas concludentes daquilo por que é indiciado. E eu pergunto: Se fosse outro qualquer cidadão que não Sócrates, ainda estaria preso? Provavelmente não estaria. Compare-se o caso Sócrates com os casos BPP, BES e BPN. Está alguém “lá dentro”? Não, não está. É isto justiça??

MEMÓRIAS



Neste dia, em 2007, morre Jean-Claude Brialy, actor francês

sexta-feira, 29 de maio de 2015

CAVAQUICES

Cavaco: actual governador é dos poucos portugueses que sabem de política monetária (*)

O Presidente da República aconselha os que não reconhecem o mérito de Carlos Costa a “estudar”. Cavaco Silva, em visita ao interior do país, avisa ainda que a Constituição e a lei vão ser para cumprir independentemente dos resultados das próximas eleições legislativas.
Cavaco Silva considerou esta sexta-feira que Carlos Costa é a pessoa certa para estar à frente do Banco de Portugal e “um dos poucos” com competências para o cargo para o qual foi novamente reconduzido como governador. Aos críticos, o Presidente da República aconselhou a que “estudassem”.

Público online


(*) Salvo o próprio, digo eu.
Se há cargos que devem merecer um alargado consenso (no mínimo, uma não oposição) é o do governador do Banco de Portugal. Cavaco sempre (?) defendeu o princípio, em casos idênticos. Agora, porém, subscreve a nomeação sem apelar ao consenso por si tantas vezes apregoado.  Cavaco igual a si próprio. 
E, já agora, a que propósito emite Cavaco a sua opinião? 
Não há pachorra...

BOLAS À TRAVE

Não há volta a dar. Blatter foi reeleito, por desistência do príncipe jordano, que não sentiu apoios para a 2.ª volta. O jogo (sujo) segue dentro de momentos.

MEMÓRIAS



Neste dia, em 1982, morre Romy Schneider, actriz austríaca, célebre que ficou no filme "Sissi"

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O SAQUE CONTINUA

Alguns contribuintes, na sua declaração de IRS, têm que preencher um anexo (SS), obrigação que só foi conhecida agora, por um mero acaso ou porque um lesado deu com a língua nos dentes. Quem a isso esteja obrigado e o não tiver feito ou não o fizer até ao final do mês, fica sujeito a uma coima de 250 euros. 
A isto chamam eles transparência. As Leis e as regras fiscais (e não só) estão construídas de modo a que ninguém saiba de nada atempadamente ou, no mínimo, não consiga entender os formulários, se é que deles tem conhecimento. E como o desconhecimento da Lei não aproveita a ninguém, salvo ao Fisco, toca a andar e a meter a pata no bolso do contribuinte desprevenido. 
E quantas vezes o contribuintes se desloca a uma repartição de Finanças e vem de lá sem conseguir ser elucidado?
PQP...

BOLAS À TRAVE

O senhor Blatter diz que não pode saber de tudo o que se passa na FIFA, que ele comanda há anos e que conhece como ninguém. Se não sabe, devia saber, tanto mais quanto deve ser certo que lê jornais ou alguém lhe deve ter soprado que existem, há já muito, suspeitas de corrupção.
Não conheço os regulamentos por que se rege o organismo, mas o senhor devia demitir-se, como recomenda Plattini ou, no no mínimo, suspender a eleição prevista para amanhã, até que os factos fossem apurados.
Uma sujeira. Rápidas como costumam ser, espero que as autoridade dos EUA acusem e julguem rapidamente a "coisa".

PULHICES


A nomeação do governador do Banco de Portugal foi objecto de de recente Lei, que obriga a que tal nomeação seja precedida de uma audição parlamentar. Isso pressupõe, quanto a mim, que haja conversações prévias, de modo a que o indigitado não seja objecto de enxovalho na AR. O PSD, que tanto apregoa o consenso junto do PS, convida e nomeia, para novo mandato, o actual governador e disso - facto consumado - dá conhecimento ao PS.
Isto é uma pulhice e não coloca bem o próprio nomeado, já que a comissão parlamentar já "votou" o nome. Sentir-se-há o próprio Carlos Costa confortável? Ou vale tudo, mesmo a honorabilidade de um governador do BdP?
Haja decoro, de parte a parte.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pobre Futebol

O Futebol, embora sendo um desporto, é talvez uma das actividades que movimenta mais dinheiro em todo o Mundo, sobretudo o chamado futebol profissional. Há até quem se refira à actividade futebolística, como: “ A Indústria do Futebol”. São inúmeros os negócios que se fazem com ele, quer directamente como por exemplo: comprar, valorizar e depois vender jogadores; quer indirectamente como por exemplo: publicidade, produção e venda de equipamentos desportivos e prestações muito variadas de serviços. E, toda a gente sabe que há muitos, mas mesmo muitos, negócios pouco claros ou até mesmo ilícitos e…, muita corrupção. No futebol muita gente faz fortuna – e não são só os jogadores e treinadores com os seus ordenados fabulosos, alguns deles mesmo obscenos – e, ironia do destino muita gente cai na desgraça.
Já nem vale a pena falar da podridão do futebol português e da permissividade que lhe é dada pelas autoridades portuguesas, que com o argumento de não se quererem meter num movimento associativo com órgãos próprios, incluindo justiça desportiva (deixa-me rir!), fecha os olhos aos maiores atropelos às leis, à moral e aos bons costumes. Uma vergonha o que se passou, por exemplo, com o chamado apito dourado.
Soube-se hoje que foram detidos vários dirigentes da FIFA – o organismo máximo do futebol a nível mundial – acusados de alta corrupção que movimentou valores que rondam centenas de milhões de euros. Uma vergonha! Mas, isto foi uma surpresa? Só para quem não acompanha minimamente as notícias do chamado “desporto rei”.
Resta-me uma esperança: As investigações em curso estão a cargo de entidades judiciárias da Suíça e dos Estados Unidos. E para estas, as investigações são rápidas e não fecham os olhos às evidências. Não estou a ver que, por exemplo, façam de conta que não existem provas evidentes. Se houver escutas, ouvidas por todos nas redes sociais, não põem os juízes “a assobiar p’ro tecto”. Assim espero. Para bem do Futebol

MEMÓRIAS


Neste dia, em 1840, morre Niccolò Paganini, violinista e compositor italiano

terça-feira, 26 de maio de 2015

Esta tem cá uma lata!!


Miss Swaps, ministra das finanças sempre estava a mentir e sabia que mentia. Teve o maior desrespeito para com os jovens para quem falou no Sábado em Ovar e, por arrastamento, para com todos os portugueses. Ontem à noite, provavelmente sentindo o incómodo do parceiro de coligação e depois de ter ouvido alguns dirigentes do PPD a desmenti-la, veio a dar o dito por não e dizer sobre um possível problema na sustentabilidade da Segurança Social que:”não há nenhuma solução desenhada, nenhuma solução definida. Queremos um amplo acordo com o PS, na Concertação Social, seguindo as linhas indicadas pelo Tribunal Constitucional”. Esta tipa tem cá uma lata!!

Já agora uma pergunta: Terá ela levado um puxão de orelhas? Se calhar.

O MARCO ANTÓNIO DISSE

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Porta-voz do PSD diz que há um "alinhamento de uma ideia de combate à Europa" entre os socialistas portugueses e o Syriza

Marco António Costa diz que PS e Syriza estão alinhados na ideia de combate à Europa

O porta-voz do PSD, Marco António Costa, afirmou hoje em Bruxelas que "há um alinhamento entre o Syriza e o PS" na ideia de que se deve combater a Europa, que os sociais-democratas rejeitam "completamente".
Dos jornais online

Este rapaz, ainda que possa não parecer, é um portento. 

CONTRIBUTOS EXTERNOS

Na morte do Fernando Pires


O chefe e a escova

Antunes Ferreira


E
ntrava na redacção e a primeira coisa que fazia – absolutamente obrigatório – era tirar o pó da secretária com uma escova que guardava na segunda gaveta. A malta toda sabia desse ritual, respeitava-o obviamente mas alguns jornalistas mais dados a chalaças comentavam sotto voce que um dia ele traria também um pano molhado em detergente para remover alguma marca de tinta – o que era quase impossível pois mais cuidadoso do que ele, era impossível. I M P O S S Í V E L com todas as letras.

O
 tom baixinho de voz era importantíssimo não fora ele ouvir o dito – o que significava entornar o caldo. Porque o homem não era de brincadeiras, muito menos para brincadeiras. Içava habitualmente a bandeira da cara de pau e o pessoal tinha-lhe respeito, muito mais do que medo. Porque era exigente, chegava ao pequeno pormenor, mas no fundo era uma defesa com que se escudava dos que não envergavam a camisola do jornal. Por isso – não contassem com ele.

C
onheci-o quando fazia relatos radiofónicos de jogos de futebol. Ambos” putos”, ainda que ele tivesse mais dez anos do que eu. Era então um tipo com cabelo…, o que mais tarde seria desmentido mas nunca nas páginas do seu quotidiano. Porque o diário da avenida da Liberdade também era dele e em certos momentos até era ele. Devoção ao título gótico, respeito pela oficina que ficava ali ao lado da redacção, intransigência perante a falta de verdade, do rigor, do desprendimento e, sobretudo do desleixo.

D
epois afastámos-mos, a vida é feita de desencontros, de caminhos afastados, mas também dos cruzados. E foi então que nos descobrimos na redacção do DN, ele como chefe na sala verde de tantas memórias, algumas mais enviesadas, eu no “gabinete da chefia” (pomposa denominação, do aquário dito principal) , aconchegado nos restantes com paredes de vidro, duplamente transparentes. O Mário Zambujal  era o chefe da Redacção, até que decidiu voar para outros pombais e sucedeu-lhe  o “homem do diário” fundado por Eduardo Coelho e Tomás Quintino Antunes (quem sabe se talvez fosse meu primo em quadragésimo grau, ou seja muito afastado…) em 1864.

J
untámos os nossos esforços – mais os dele do que os meus… – e desatámos a fazer o Diário de Notícias. Foi então que a nossa Amizade ganhou raízes e floresceu. As enésimas horas que passámos juntos foram inolvidáveis e o meu conhecimento dele aprofundou-se em cada dia que passava. Para mim foram apenas dezasseis anos no DN que face aos 55 dele saíram naturalmente na mó de baixo. Era o Fernando Pires e eu, o Antunes Ferreira, assim a modos que o Estica e o Bucha.

Q
uando tomei a decisão de  sair do DN – o que tanto me custou, podem crer – foi o Fernando o primeiro a tentar demover-me. Que porque torna e porque deixa, fazes muita falta ao nosso jornal, deixa-te de fitas e amanhã lá estamos. Mas eu não estaria - após o prazo legal que tinha de dar ao patrão. A privatização que para mim fora um roubo impedia-me de continuar. E no jantar de despedida que me ofereceram o Fernando disse-me do seu sentimento ao ver-me partir. Comoveu-me até a uma lágrima medrosa, envergonhada, maricas e prontamente afastada.

N
o resto, que mais dizer? Dos sofrimentos que passou, da sua luta contra um maldito cancro? Da tristeza com que acompanhou o drama da sua Maria Fernanda? Das esperanças que depositou no Tiago, como já fizera com o Zé António? De tudo o que pinta o lado menos bom do quotidiano. Mas, no outro prato da balança, os amigos fizeram-na pender para ela, desequilibraram-na; a Amizade tem muito peso – se não é falsa. E eu que o diga…

F
ernando aqui te deixo um último abraço que não pude dar-te em vida. Mas como não acredito na “outa” não te posso  sequer imaginar sentado à direita de Deus pai, mas só depois de teres escovado o assento – que, se acreditasse, era uma nuvem com um monograma: DN – a gótico.

Deste Homem que deu 55 anos de vida ao “seu” jornal, a Direcção do “Diário de Notícias!” foi capaz de NÃO dar uma linha de título na primeira página: MORREU FERNANDO PIRES.


MEMÓRIAS


Neste dia, em 1907, nasce John Wayne, actor norte-americano, que se distinguiu os westerns

segunda-feira, 25 de maio de 2015

"Sassarico" na Coligação

A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, também conhecida por Miss Swaps, resolveu, ninguém sabe porquê neste momento, ameaçar os pensionistas com novo corte nas pensões, dizendo que tal poderá tornar-se necessário para garantir a sustentabilidade da Segurança Social. Ora, ela sabe que mente e, como diz o povo, sabe que mente com os dentes todos, pois também sabe, como muita gente bem avalizada já o disse, que a sustentabilidade da Segurança Social não se faz com corte de pensões, mas com o combate ao desemprego, ou se quisermos com a criação de postos de trabalho – diminuindo assim o valor a pagar de subsídios de desemprego e aumentando o valor das contribuições (a tão falada TSU). Então que pretende Miss Swaps? Provavelmente lançar o barro à parede para perceber a reacção dos portugueses ao que está escrito no tal “Programa de Estabilidade” – poupar 600 milhões de euros em 2016 com a reforma do sistema pensões.
Só que Miss Swaps esquece-se que governa (ou desgoverna?) em coligação. O CDS já fez saber que se sente incomodado com esta declaração da ministra Luís e o ministro Mota Soares, que tutela a Segurança Social, já veio garantir que não há nem medida nem nenhuma proposta relacionada com pensões de reforma. Mais, afirmou que qualquer alteração nos sistemas públicos da Segurança Social deve ser debatida com amplo consenso político e também com o PS, assegurando, contudo, que não está nenhuma proposta em debate.

Então, o que dizer ou o que concluir do que disse Miss Swaps? Quanto a mim, que a ministra mais uma vez quer provocar “sassarico” na coligação, na maioria que a apoia, e fazer mais uma provocação ao irrevogável Paulo Portas. Não acham?

domingo, 24 de maio de 2015

sábado, 23 de maio de 2015

MEMÓRIAS


Neste dia, em 1934, o duo de assaltantes norte-americano Bonnie Parker e Clyde Barrow é abatido numa emboscada policial. A sua vida é relatada no filme "Bonnie and Clyde", de Arthur Penn

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Vale a pena novas regras, sem fazer cumprir as que existem

O Governo que desgraçadamente nos governa, qual macaco de imitação, imitando o que já existe em alguns países, aprovou em Conselho de Ministros um conjunto de regras com o objectivo (acham eles, eu não) de melhor combater as infracções cometidas pelos condutores de veículos. Assim é criado junto a cada carta de condução um cadastro onde serão registados os incidentes que vão ocorrendo. A cada cadastro serão atribuídos pontos e, dependendo do comportamento que o titular da carta tiver na estrada, ser-lhe-ão retirados ou atribuídos pontos. Se um condutor cometer infracções graves ou muito graves com alguma frequência, poderá chegar à situação de ter que prestar provas de exame de condução e, no limite, poderá ser-lhe retirada a carta.
Sinceramente, não acredito que uma medida destas possa ter sucesso no nosso país sem que antes se tomem outras medidas no sentido de se tornar mais eficiente a fiscalização do cumprimento das regras existentes e se agravarem as punições aos infractores. A percentagem de condutores que não respeitam os limites de velocidade, nas auto-estradas, nas estradas e até nas cidades é grande. Todos conhecemos condutores que se gabam de fazer Porto - Lisboa em duas horas, não conhecemos? Pois bem, façam as contas.
Mas, para lá disto, a falta de fiscalização do cumprimento das regras do Código da Estrada, leva a que condutores que têm algum cuidado em não cometer infracções sejam obrigados a cometê-las por causa de outros condutores que as cometem, com a quase certeza de que não serão incomodados com isso.
Dou dois exemplos concretos na cidade do Porto, em duas ruas onde diariamente passo e onde muitas vezes sou obrigado a cometer uma infracção que penso ser grave – não respeitar o traço contínuo. Como?
Na rua S. João de Brito, entre as ruas de Mota Pinto e das Andrezas, há carros estacionados junto aos passeios, de um lado e do outro, em sítios onde é proibido parar (quanto mais estacionar!) de acordo com os sinais de trânsito. O mesmo acontece na rua de Mota Pinto entre as ruas do Pinheiro Manso e de Alberto Macedo. Estas ruas têm quatro faixas (duas em cada sentido) separadas ao meio por um traço contínuo. Ora, relativamente a cada sentido: se uma faixa está ocupada com carros mal estacionados, resta uma livre. Mas, se nesta, parar qualquer viatura para sair ou entrar um passageiro ou fazer carga/descarga, quem segue no mesmo sentido vê-se obrigado a não respeitar o traço contínuo para continuar. É o que me acontece muitas vezes quando me desloco de ou para minha casa.
Quer dizer: Eu e muitos outros condutores somos “obrigados” a cometer uma infracção grave, porque não há fiscalização eficaz que acabe com o regabofe do estacionamento ilegal que diariamente e durante o dia todo acontece naquelas artérias. Se não quiserem fazer cumprir as leis, então acabem com os sinais de trânsito e com os traços contínuos, naquelas e noutras ruas, para que a autoridade do Estado não seja posta em causa todos os dias.

E já agora, em termos de conclusão, pergunto: Vale a pena decretar novas regras, antes de se tomarem medidas para que sejam cumpridas as regras já existentes? 

O CIRCO CONTINUA

Afinal, despesas com receita médica têm de ser confirmadas no site das Finanças


Público online

Isto é, quem não tiver acesso à Internet ou nela não se saiba mover, está f., digo, está lixado e mal pago.
Esta gentalha continua com o circo montado.

CONTRIBUTOS EXTERNOS - 2



Mais uma croniqueta do Zé Gil




# GATOS #

Nunca tive grande estima por gatos.
Em casa, sem a pedra no buraco da porta, entravam e saiam.
Eram todos hóspedes, e nenhum em particular
Deitavam-se com o cão na lareira a dormitar.
Petiscavam, os mais hábeis e gulosos,
Os peguilhos dos comensais sentados à volta do escano
Os ousados tinham respeito às canas do abano (!)
Dispersava a gataria, restando os mais amorosos.
Janeiro, tempo do cio, sentia-se a berraria nos telhados de telha vã.
Porquê tantas correrias e tanto afã?!
Capador de gatos nem na feira de Vila Real aparecia.
Se as choinas da lareira iam para as traves do telhado
Era fogo posto, fogo apagado!
Tetos baixos? Laradas e calores reservados.
Porcos na trave mestra a secarem pendurados!
Boa matança – reco a bater com o focinho no chão granítico.
Em dois dias ficavam defumados e carnes cortadas em fanicos
Só os presuntos voltavam a ser pendurados!
O cão Atrevido respeitava a exposição
Os gatos nem à volta da lareira passavam
Os pingos, dos fumeiros acidulados, não faziam carecadas!
Voltava a normalidade. As leituras e contos tinham reserva de fogueira.
Pela calada e calor da noite ninhadas eram apresentadas:
Os bebés, transportados na boca dos pais, eram colocados na manta do Atrevido!
Espetáculo tão forte e bem encenado deixava comover o mais ataviado.
Leite num pires. Como é belo vê-los a comer de olhos fechados
  A beleza do serão não tinha outra continuação...
As leituras ouvidas passaram a sonhos de filmes de ficção!

Conclusão: Vivam os gatos vadios ou de estimação.

José Gil C. Monteiro

CONTRIBUTOS EXTERNOS

A caça ao voto

Por Antunes Ferreira

A apresentação do programa de Governo do Partido Socialista provocou, tal era de esperar, ondas de choque diversas. No debate quinzenal da Assembleia da República a coligação no poder disse cobras e lagartos sobre o documento que deverá ser aprovado no dia 6 de Junho na assembleia magna do PS.O programa  foi então motivo de ataques acerbados cujos autores iam do nosso primeiro Passos Coelho até ao líder parlamentar dos laranjas Luís Montenegro. O CDS, naturalmente, também participou na agressão colectiva.

Por outro lado, Aguiar Branco iniciava o ciclo Sócrates, tema que servia, serve e serviria de arma de arremesso contra António Costa. Um verdadeiro leit motiv para a maioria no poder. O ministro da Defesa chegou mesmo a afirmar que o Partido Socialista queria um modelo de governação "muito à engenheiro Sócrates", defendendo que a apresentação do projecto de programa eleitoral dos socialistas "é mais uma sondagem de ideias, já foi feito esse ensaio com o cenário macroeconómico que aconteceu num primeiro momento, agora é o projecto de programa".

As acusações  iam-se acumulando. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, afirmou na quinta-feira última que PS, PSD e CDS-PP "quanto mais juram mais mentem", Referia-se às  alterações introduzidas no sistema da Segurança Social  e as que pretendem fazer na Taxa Social Única ,TSU. "O actual Governo anunciou um novo corte de 600 milhões de euros nas pensões e reformas para 2016. Por seu turno, o PS prepara-se para aprofundar a sua contra-reforma da Segurança Social de 2007, envolvendo agora também a redução da TSU para as empresas, tal como PSD e CDS, e que, ao contrário do que se vem propalando, a mantém no seu projecto de programa eleitoral como uma medida a implementar a prazo. Aqui o recuo foi: 'não sendo para já, será mais à frente'"

Ora bem, estava-se em terreno propício à contenda: a Segurança Social onde o PS defende uma gestão sustentável e transparente dela que passaria por encontrar novas fontes de financiamento. E também promete dar prioridade à "avaliação rigorosa" do sistema de Segurança Social, a fim de devolver a confiança aos pensionistas e garante que não serão feitos mais cortes nas pensões. Ou seja defende-se uma gestão sustentável e transparente da Segurança Social, que passaria por encontrar novas fontes de financiamento e pelo combate à fraude e evasão contributiva.

Para compor o ramalhete surgiu Paulo Portas que avisou “com amizade” que a Segurança Social é um campo perigoso e não admite experimentalismos. O vice-primeiro-ministro dava assim a sua achega à questão, atirando mais achas para a fogueira ou jogando-lhe petróleo, o que é ainda pior. Mas quem conhece Portas sabe o que vale a palavra dele, o que adverte e o que jura que tomou uma decisão irrevogável para de seguida e face a novas ofertas revoga-a irrecusavelmente.

Estava instalada a polémica sempre saudável em democracia, mas a deturpação das intenções, promessas e argumentos significava (e significa) que isso não tem cabimento porque os intervenientes não querem: estamos em ano eleitoral e a pré (?) campanha está no Parlamento, na rua, no procedimento dos cidadãos, de acordo com o que pensam e que os concorrentes tentam instilar-lhes como as propostas mais aliciantes.

É a caça ao voto que todos recusam terem entrado por esse caminho ínvio, mas que todos também praticam ainda que sem espingarda nem licença de caçador. Portugal é (também) isto. Poderá argumentar-se que pelo Mundo fora – ou, pelo menos nos países onde há liberdade e democracia – a prática é constante e inevitável.

Mas querem recordar um exemplo histórico? No Parlamento britânico, comentando o andamento da guerra e respondendo a interpelações dos trabalhistas, na oposição, o Senhor Churchill  referindo-se à escalada dos bombardeamentos afirmou convictamente que se os alemães bombardeavam Londres, Birmingham, Liverpool e outras cidades da Inglaterra também em retaliação os bombardeiros da  Air Force despejam toneladas de bombas sobre Berlim,  Frankfurt, Colónia, Hamburgo  e outras.

O Senhor Clement Atlle, líder trabalhista, que viria a suceder a Churchill no prédio número 10 da Downing Street, respondeu-lhe “mas que ganhamos nós com isso?” Estava a aproximar-se o final da II Guerra e as palavras de Atlle ficaram na História. E ainda não abrira a hunting vote, ou seja a caça ao voto.
                                                                                                                                                                

EFEMÉRIDES


Neste dia, em 1924, nasce Charles Aznavour, cançonetista (e actor) francês
(que ouvi ao vivo em Janeiro de 1966, no Rivoli, Porto)

MEMÓRIAS


Neste dia, em 1813, nasce Richard Wagner, compositor alemão