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E P I F E N I A #
Gil Monteiro*
Festividades consagradas à adoração
dos Reis Magos e ao Menino Jesus.
Era, e ainda vai sendo, as Festas do
Natal e das prendas, que não passavam dos piões (bicos de ferro e várias “baraças”),
piões facetados e rapas de tira e deixa; e pinhões de pinheiros mansos; pedras
de ardósia da serra de Valongo, eram os “livros” para as contas, redações e
desenhos, enquanto o “regrão” se mantinha afiado, ou se afiava! Até os bocados
partidos se utilizavam, ou serviam para jogos de trocas, comos os grãos de
feijoeiros; pinhões e confeitos gostosos. Os brinquedos de rodas e varas para
mexer as asas de pombas, palhaços de circo, conjuntamente, com os coloridos
carros de lata, pareciam mais que reais!
Como os pedidos têm muita força, e as
alegrias são muitas, os segredos das prendas eram conhecidos após a Missa do Galo.
Os de maior volume ficavam para o nascer do sol mais, brilhante do que nunca,
no meio da neblina, chuva de neve miudinha!
Alguns brinquedos entravam em
exercícios, à luz dos lampiões, nas escadinhas da capela, enquanto o Sr. Prior
regia os cânticos natalícios e os socos invernosos, cravejados de tachas,
batiam no empedrado granítico.
O crepitar dos cavacos nas lareiras,
ia festejando a opípara Consoada do bacalhau, polvo e rabanadas! Depois eram as
leituras, contos orais e jogatinas!...
Os confeitos e rebuçados passavam,
pelas faringes enfumaradas, deglutidos a sumos de tangerinas e água-pé. A
Noite-Bela era festejada a cálices de vinho do Porto, colhido nas quintas rio
Pinhão!
A noite só terminava com a ida de
novo à Capela beijar os pezinhos do Deus - Menino, agora já calçado, pois o tempo
e o Templo eram bem gelados; apesar dos saltos e das correrias, e o nevoeiro
não deixar arrefecer demasiado a atmosfera!
Apesar de se saber que os seres vivos
nascem, crescem e morrem, conforme o local terrestre, imploravam o bom tempo
para as crianças e pobrezinhos, ainda que o Sr. Abade ordenar aos mortos-vivos
de irem para o Paraíso (!)...
Ao ler, numas férias do Natal, na
aldeia transmontana, o famoso romance “ Mãe” do russo Máximo Górki, tive que
guardar as lágrimas nos olhos de tempestades e dores! Jesus salvou e salva os
apertos do coração, ainda que o feriado do dia de Reis tenha sido extinto.
Se os seres, das bactérias aos vírus
crescem aos milhões, os elefantes e baleias aos milhares; já na existência
terreal o contrário e os ciclos rápidos e longos, mesmo nos bons sulcos, não
dariam equilíbrios na evolução biótica dos trilhos...
Voltar a ler Crime e Castigo de
Dostoiewsky e a obra-prima Guerra e Paz de Tolstoi, faremos a introspeção da
nossa alma da homeostasia de caminhos culturais; e criatividades religiosas.
Vivam os Reis Magos e os seus
reinados, e todos os seres representados nos Presépios.