Por Antunes Ferreira
Permitam-me que aqui à
puridade vos conte um segredo que agora decidi revelar: estou farto da política a la Portugaise. Não vejo
debates, nem comentadores políticos, mesas redondas, muito menos campanhas pré que já são eleitorais com
discursos, arruadas e outros que tais
Obviamente vou votar no Partido Socialista; nunca escondi, não escondo e não
esconderei esta filiação que tal com o brandi Constantino cuja fama já vem de
longe.
Voltando as costas à
política, à Pulhítica, à politiquice (à vontade do freguês) tinha forçosamente
de escolher outro tema que não fosse português; como o fiz há muitos anos
rtornei aos comentários sobre a política, mas a internacional. Quem ainda me lê
estará por certo a confirmar que políticos, jornalistas e comentadores são um
bando de mentirosos, pois que quando ao pequeno-almoço dizem preto, ao almoço
já mudaram para o cinzento e ao jantar para o branco. E se ainda houvesse ceia
passariam para a côr-de-burro-quando-foge.
Não é que o
internacional tenha grandes diferenças com o nacional, ainda qua já lá vão uns
anos o slogan propagandístico dissesse que “tudo o que é nacional é bom” Assim
sendo, detenho-me numa notícia pouco destacada mas cujo interesse pelo menos
para mim justifica estas linhas que escrevo. É o caso paradigmático do que se
passou (ou ainda está a passar-se) no Burquina Faso que poucos anos atrás se chamava
República do Alto Volta, denominação que lhe ficou do colonialismo francês.
Como quase todos os
países africanos onde europeus e norte americanos quiseram transforma em democracias apoiadas pelo Ocidente ou pelo
Oriente presidido pela então URSS, a história foi-se repetindo: poder civil,
constituição, golpe militar, nova constituição, poder civil e etc. um dico
rachado que até agora nunca parou a sua lenga-lenga.
Há poucos dias o
presidente (ao que parece interino) Michel Kafando e membros do governo de
transição foram “feitos reféns” por militares da própria guarda presencial.
Pormenorizando: de acordo com a Rádio Omega, (governamental) afinal
o primeiro-ministro Isaac Zida e todos os ministros do governo chefiado
pelo tenente-coronel Kafanda também foram feitos reféns. Tomavam parte de uma
reunião para a finalização do regime de transição.
O Burquina Faso
deveria ter eleições no próximo mês de Outubro para por fim à transição civil
(?) iniciada há um ano, depois de inúmeros protestos que levaram à ditadura de
mais de 27 anos de Blaise Compaoré. Na
base dos protestos estava o assassinato do ex-presidente Tomas Sankara.
Até à data do fecho
deste texto a informação a rádio usava a forma clássica nesta situação: “reina
a calma” na capital Ouagadogou , mas os cidadãos ainda nem sabiam o que se
tinha passado e como fora o golpe e até quem fora o seu autor, pois nenhum
grupo político ou militar reivindicara a autoria do golpe.
África tem de deixar
desse o cadinho de experiências ditas políticas. Há tempos um autor angolano
perguntava-se se Deus era branco. Em Angola havia um dito significativo sobre
esta questão: “O branco é filho de Deus, o preto é filho do Diabo e o mulato é
filho da puta…” Estes estereótipos têm de acabar, sob pena da África ser a pole position de uma nova guerra
mundial.
A população negra
maioritária do continente africano
continua a fazer comparações entre o tempo dos colonialistas e o da
actualidade. O que além de ser pernicioso é perigoso, muito perigoso para o
Mundo. O apartheid acabou oficialmente, mas não terminou nos cérebros dos
africanos - brancos ou pretos. É conhecida a anedota sobre a África do Sul:
depois do NC chegar ao poder, uma professora no primeiro dia das aulas disse
aos seus alunos. “A partir de agora, não há pretos e brancos: somos todos
azuis…” Amalta ficou de olhos esbugalhados: podia lá ser uma coisa assim? E
logo a docente indicou: “os azuis claros sentam.se à frente; os azui escuros
vão lá para trás…”
Burkina Fasso deve
realizar eleições em outubro para pôr fim à transição civil iniciada há um ano,
após os protestos que acabaram com quase três décadas de ditadura de Blaise
Compaoré por causa do assassinato do ex-presidente Thomas Sankara.
"Todos os
ministros foram tomados reféns por membros da segurança presidencial quando
participaram de uma reunião nesta quarta-feira", afirma a "Rádio
Ômega".
O portal de notícias
"Burkina 24" afirma que "reina a calma" na capital do país,
Ouagadogou, sem que a população saiba do que ocorreu no Palácio Presidencial e
sem que nenhum grupo tenha reivindicado a detenção.
O incidente ocorreu
dois dias depois de a Comissão de Reconciliação Nacional ter recomendado a
dissolução do Regimento de Segurança Nacional (RSP) e, por consequência, a
retirada de suas funções de proteger o líder do país.
O corpo de segurança,
que aparentemente retém o presidente burquinês e os ministros, vive uma relação
de tensão com o primeiro-ministro do país, que foi o "número dois" da
guarda presidencial quando Compaoré estava no poder.
Os guardas da RSP
acusam Zida de conspirar para permanecer no poder após o final do período de
transição, que terminará assim que forem realizadas as eleições marcadas para o
dia 11 de outubro.
Líderes das Forças
Armadas também pediram a renúncia do primeiro-ministro e dos outros militares
do alto escalão do governo para formar um Executivo integrado exclusivamente
por civis.
Por outro lado, Zida
tem denunciado nos últimos meses tentativas de prisão por parte da guarda
presidencial.
Kafando, ex-embaixador
de Burkina Fasso na ONU, foi designado presidente da transição em novembro do
ano passado. Sua nomeação ocorreu pouco depois da tentativa de Compaoré de
modificar o artigo 37 da Constituição, que o impedia de concorrer pela quinta
vez consecutiva às eleições presidenciais.
A hipótese de
continuidade de Compaoré no poder provocou uma onda inédita de protestos no
país, que o obrigaram a renunciar e abandonar Burkina Fasso no dia 1 de
novembro de 2014.