sexta-feira, 18 de setembro de 2015

CONTRIBUTOS EXTERNOS



Burquina Faço?

Por Antunes Ferreira


Permitam-me que aqui à puridade vos conte um segredo que agora decidi revelar: estou farto da política a la Portugaise. Não vejo debates, nem comentadores políticos, mesas redondas, muito menos  campanhas pré que já são eleitorais com discursos, arruadas e outros que  tais Obviamente vou votar no Partido Socialista; nunca escondi, não escondo e não esconderei esta filiação que tal com o brandi Constantino cuja fama já vem de longe.
Voltando as costas à política, à Pulhítica, à politiquice (à vontade do freguês) tinha forçosamente de escolher outro tema que não fosse português; como o fiz há muitos anos rtornei aos comentários sobre a política, mas a internacional. Quem ainda me lê estará por certo a confirmar que políticos, jornalistas e comentadores são um bando de mentirosos, pois que quando ao pequeno-almoço dizem preto, ao almoço já mudaram para o cinzento e ao jantar para o branco. E se ainda houvesse ceia passariam para a côr-de-burro-quando-foge.
Não é que o internacional tenha grandes diferenças com o nacional, ainda qua já lá vão uns anos o slogan propagandístico dissesse que “tudo o que é nacional é bom” Assim sendo, detenho-me numa notícia pouco destacada mas cujo interesse pelo menos para mim justifica estas linhas que escrevo. É o caso paradigmático do que se passou (ou ainda está a passar-se) no Burquina Faso que poucos anos atrás se chamava República do Alto Volta, denominação que lhe ficou do colonialismo francês.
Como quase todos os países africanos onde europeus e norte americanos quiseram transforma em  democracias apoiadas pelo Ocidente ou pelo Oriente presidido pela então URSS, a história foi-se repetindo: poder civil, constituição, golpe militar, nova constituição, poder civil e etc. um dico rachado que até agora nunca parou a sua lenga-lenga.
Há poucos dias o presidente (ao que parece interino) Michel Kafando e membros do governo de transição foram “feitos reféns” por militares da própria guarda presencial. Pormenorizando: de acordo com a Rádio Omega, (governamental)  afinal  o primeiro-ministro Isaac Zida e todos os ministros do governo chefiado pelo tenente-coronel Kafanda também foram feitos reféns. Tomavam parte de uma reunião para a finalização do regime de transição.
O Burquina Faso deveria ter eleições no próximo mês de Outubro para por fim à transição civil (?) iniciada há um ano, depois de inúmeros protestos que levaram à ditadura de mais de 27 anos  de Blaise Compaoré. Na base dos protestos estava o assassinato do ex-presidente Tomas Sankara.
Até à data do fecho deste texto a informação a rádio usava a forma clássica nesta situação: “reina a calma” na capital Ouagadogou , mas os cidadãos ainda nem sabiam o que se tinha passado e como fora o golpe e até quem fora o seu autor, pois nenhum grupo político ou militar reivindicara a autoria do golpe.
África tem de deixar desse o cadinho de experiências ditas políticas. Há tempos um autor angolano perguntava-se se Deus era branco. Em Angola havia um dito significativo sobre esta questão: “O branco é filho de Deus, o preto é filho do Diabo e o mulato é filho da puta…” Estes estereótipos têm de acabar, sob pena da África ser a pole position de uma nova guerra mundial.
A população negra maioritária do continente africano  continua a fazer comparações entre o tempo dos colonialistas e o da actualidade. O que além de ser pernicioso é perigoso, muito perigoso para o Mundo. O apartheid acabou oficialmente, mas não terminou nos cérebros dos africanos - brancos ou pretos. É conhecida a anedota sobre a África do Sul: depois do NC chegar ao poder, uma professora no primeiro dia das aulas disse aos seus alunos. “A partir de agora, não há pretos e brancos: somos todos azuis…” Amalta ficou de olhos esbugalhados: podia lá ser uma coisa assim? E logo a docente indicou: “os azuis claros sentam.se à frente; os azui escuros vão lá para trás…”

Burkina Fasso deve realizar eleições em outubro para pôr fim à transição civil iniciada há um ano, após os protestos que acabaram com quase três décadas de ditadura de Blaise Compaoré por causa do assassinato do ex-presidente Thomas Sankara.
"Todos os ministros foram tomados reféns por membros da segurança presidencial quando participaram de uma reunião nesta quarta-feira", afirma a "Rádio Ômega".
O portal de notícias "Burkina 24" afirma que "reina a calma" na capital do país, Ouagadogou, sem que a população saiba do que ocorreu no Palácio Presidencial e sem que nenhum grupo tenha reivindicado a detenção.
O incidente ocorreu dois dias depois de a Comissão de Reconciliação Nacional ter recomendado a dissolução do Regimento de Segurança Nacional (RSP) e, por consequência, a retirada de suas funções de proteger o líder do país.
O corpo de segurança, que aparentemente retém o presidente burquinês e os ministros, vive uma relação de tensão com o primeiro-ministro do país, que foi o "número dois" da guarda presidencial quando Compaoré estava no poder.
Os guardas da RSP acusam Zida de conspirar para permanecer no poder após o final do período de transição, que terminará assim que forem realizadas as eleições marcadas para o dia 11 de outubro.
Líderes das Forças Armadas também pediram a renúncia do primeiro-ministro e dos outros militares do alto escalão do governo para formar um Executivo integrado exclusivamente por civis.
Por outro lado, Zida tem denunciado nos últimos meses tentativas de prisão por parte da guarda presidencial.
Kafando, ex-embaixador de Burkina Fasso na ONU, foi designado presidente da transição em novembro do ano passado. Sua nomeação ocorreu pouco depois da tentativa de Compaoré de modificar o artigo 37 da Constituição, que o impedia de concorrer pela quinta vez consecutiva às eleições presidenciais.

A hipótese de continuidade de Compaoré no poder provocou uma onda inédita de protestos no país, que o obrigaram a renunciar e abandonar Burkina Fasso no dia 1 de novembro de 2014.

Sem comentários: