Reuniu hoje a "nova" Assembleia da República e, como é norma, decorreu o processo para a eleição do respectivo presidente para a nova legislatura. Após dois escrutínios nesta primeira reunião do plenário, não foi eleto, pela primeira vez nestes mais de trinta e cinco anos de vida democrática parlamentar, qualquer deputado para ocupar o cargo. O PPD, partido mais votado e cujo líder será a partir da posse de amanhã primeiro-ministro de um governo de coligação, teimou em candidatar Fernando Nobre, apesar da provável derrota. E, de provável, a derrota tornou-se num facto consumado, daí poder falar-se em derrotas e derrotatos e, também em vencedores.
Os derrotados são Pedro Passos Coelho e Fernando Nobre.
Pedro Passos Coelho saiu derrotado porque se empenhou pessoalmente na candidatura de Nobre, não ligando às críticas feitas de fora e dentro do partido. E nem sequer conseguiu que todos os seus deputados seguissem a sua orientação de voto.
Fernando Nobre, para além de derrotado nesta eleição, ficou a saber que não conta para nada, a não ser para servir de cobaia do PPD. Não teve a decência pessoal e política de desobrigar Passos Coelho e o partido da sua candidatura e, por isso, teve aquilo que mereceu.
Derrotados , também, foram todos aqueles e aquelas que usam o discurso anti-partidos e anti-políticos, para fazerem demagogia. A democracia faz-se, sobretudo, com partidos.
Vencedores foram todos os partidos da Oposição que, desde que se soube do convite, denunciaram a falta de vergonha e de perfil de Fernando Nobre para ocupar o cargo de segunda figura do Estado e o CDS/PP que, acima de tudo, não aceitou a decisão unilateral do líder do PPD e lhe quiz dizer que em coligação as decisões de assuntos relevantes se tomam por consenso. Não são impostas pelo partido mais votado.