£ --- O REI D. CARLOS (1863 -1908)
Gil Monteiro*
A minha Mãe
adorava o rei D. Carlos, tanto como figura morta como viva. Lembrava-se de o
ver passar de automóvel e se apear, para saudar a gente da aldeia. Viajava num
carro cego, pois da janela da sua velha e humilde Escola Primária, só via
passar carroças com burros e machos e, por vezes, os cavalos, arreados dos
cavaleiros filhos do Senhor Zeca Moreira, presidente da junta de freguesia.
Ouvia mais e, outras históricas
contadas à lareira ou nas eiras, pela Maria Doutora, mulher do regedor, que
sabia ler e escrever!
Fiquei fã, como
agora se diz, do nosso Rei Popular, grande diplomata, apesar do ultrajante
ultimato declarado pelas ilhotas do Reino Unido. Atitude repudiada pela maioria
dos governantes políticos dos povos civilizados, mesmo indígenas de África e
América, acompanhados pelas entidades religiosas dos vários coléricos ou
seitas. Até a língua portuguesa, que viria a ser a quinta mais usada pelas
comunidades sofreu, e ainda sofre! Valha as sapiências De Camões, Fernando
Pessoa... E tantos outros (Mia Couto e Padre António Vieira... Apoetar, como
Ary dos Santos tem o
Céu livre, onde os sujeitos do ultimato continuam em locais de nojo e
náuseas... Hoje, a bela escrita do Padre António Vieira preenche as emendas dos
hotéis de luxo de Moçambique, assim as legendas dos produtos das lojas e supermercados,
bem escritas em caracteres de Portugal Europeu e, nem sempre, no melhor inglês!
A rainha Vitória e seus descendentes devem ainda sofrer nas labaredas!...
D. Carlos,
estatura roliça e de bigode de artista, era o protótipo dos lusos, mesmo no tom
fulvo. Os pelos da barba, principalmente os lábio superior, lembravam a cor dos
ouriços maduros dos castanheiros, ou dos medronhos antes de ficarem vermelhos!
Os régulos saúdam os seus passos, e compreendem o artista Povo e da Santa
Natureza. Foi um grande ictiologista e ornitólogo. Publicou centenas de artigos
e gravuras. Como os dinheiros minguavam, com as crises económicas dos cartistas
e absolutistas, as despesas do seu barco oceanográfico, passeios nas tapadas
para recolha de dados e caçadas eram fornecidas pelos bens pessoais e da Rainha
D.ª Amélia. Visitar os museus, onde se observam as obras de arte do monarca,
incluído o hotel do Bussaco, sentado a contemplar os bonitos da bela mata,
única no Mundo na flora e fauna: os cedros do Líbano e os fetos arbóreos, entre
outras plantas aliviam as doenças corporais; fazem ir visitar todo o Bussaco e
procurar as centenas de aves (tão bem coloridas) que parecem
terminadas de cativar as penas! Falar nas paisagens e anfíbios torna-se
supérfluo...
Vítima de
atentado, nem os ramos de flores, oferecidos pelo Povo a Sua Majestade D.ª
Amélia, batendo, nos dois regicidas; deste modo, a passagem da carruagem, mesmo
no meio de tantos apoiantes da Família Real, nas ruas lisboetas do Terreiro do
Paço, conseguindo impedir também a morte de seu filho herdeiro, D. Luís Filipe.
Os assassinos Buiça e Costa tiveram arremeto de flores, antes dos enterros!
Nestes momentos
históricos, a alma do Régulo Gungunhana estará muito próxima do Paraíso,
cumprindo as magias para poder entrar (!), enquanto o mérito de Sua Majestade
Dom Carlos de Bragança roga, no Céu, pelos patrícios lusos de cá e além-mar. Os
seus desenhos, escritos e aguarelas levam a mostrar cenas de um País
Maravilhoso! Se na vida extraterrena houvesse ceias e após as romarias, possuiria
estralejar de foguetes mudos! Só os efeitos luminosos fazem as Festas!
Nas galáxias as
almas, sem carne e ossos, perdidos que foram os sons e sabores, tudo será
regido por efeitos iónicos. Supomos que os Anjos e Santos falam e ouvem. Seriam
analfabetos forçados!?
Saudação para
três espécies dos afazeres do Rei D. Carlos, avaliados pelos vassalos:
--- O Popular
--- O Artista (cientista) --- O Erudito.
Porto, 17 de dezembro de 2018
*José Gil
Correia Monteiro