quarta-feira, 23 de setembro de 2015

LIDO

(...)Por cá, na cacafonia inevitável da campanha eleitoral, confiança é também o que procuram os partidos. A coligação Portugal à Frente tem desenvolvido uma estratégia extraordinária. Os seus dois líderes estão a conseguir que não se analise detalhadamente o que se passou nos últimos quatro anos mas sim que a discussão esteja a ser concentrada em torno do programa do PS. É verdadeiramente surpreendente que tal esteja a acontecer. Mas não só está a acontecer como está a dar dividendos, segundo as sondagens, que mostram de forma cada vez mais consistente que a coligação lidera as intenções de voto, com 3,2 pontos à frente do PS. Trata-se da bússola eleitoral que o Público divulga todos os dias e que, sublinha, não é uma sondagem, já que os participantes não constituem uma amostra do universo dos eleitores. Mas a sondagem diária do Correio da Manhã confirma a tendência: 35,9% para a coligação, 34,7% para o PS.

Não há pobreza, não há desigualdades sociais, não há cortes nos salários e pensões, não há promessas que tenham ficado sucessivamente por cumprir, não há 485 mil portugueses que tenham sido obrigados a emigrar entre 2011 e 2014, segundo dados ontem divulgados pelo INE, não há problemas no Serviço Nacional de Saúde, nem na Justiça, nem na Educação. Nada. O grande problema do país é o programa do PS. A confiança é tanta pelo PàF que Passos Coelho já se permite dizer que tem «o nome do futuro ministro das Finanças na cabeça». Embora, claro, primeiro seja preciso ganhar as eleições, porque «não se esfola um coelho antes de o caçar». Ah, Passos fez a afirmação, tendo ao seu lado a atual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque. Mais. Paulo Portas subiu ao palco para perguntar em quem os presentes no comício confiavam mais: em Maria Luís Albuquerque ou em Teixeira dos Santos ou Mário Centeno? Boa pergunta. Mas alguém podia ter perguntado a Portas porque se demitiu de forma «irrevogável» no verão de 2012 quando Vítor Gaspar deixou o Governo e Passos Coelho optou por substituí-lo por Maria Luís (...).


Nicolau Santos, in Expresso online

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