(...)Por cá, na cacafonia inevitável da campanha eleitoral, confiança é também o que
procuram os partidos. A coligação Portugal à Frente tem desenvolvido uma
estratégia extraordinária. Os seus dois líderes estão a conseguir que não se
analise detalhadamente o que se passou nos últimos quatro anos mas sim que a
discussão esteja a ser concentrada em torno do programa do PS. É verdadeiramente
surpreendente que tal esteja a acontecer. Mas não só está a acontecer como está
a dar dividendos, segundo as sondagens, que mostram de forma cada vez mais
consistente que a coligação lidera as intenções de voto, com 3,2 pontos à frente
do PS. Trata-se da bússola eleitoral que o Público divulga todos os dias e
que, sublinha, não é uma sondagem, já que os participantes não constituem uma
amostra do universo dos eleitores. Mas a sondagem diária do Correio da Manhã
confirma a tendência: 35,9% para a coligação, 34,7% para o PS.
Não há
pobreza, não há desigualdades sociais, não há cortes nos salários e pensões, não
há promessas que tenham ficado sucessivamente por cumprir, não há 485 mil portugueses que tenham sido obrigados a emigrar entre 2011
e 2014, segundo dados ontem divulgados pelo INE, não há problemas no Serviço
Nacional de Saúde, nem na Justiça, nem na Educação. Nada. O grande problema do
país é o programa do PS. A confiança é tanta pelo PàF que Passos Coelho já se
permite dizer que tem «o nome do futuro ministro das Finanças na cabeça». Embora,
claro, primeiro seja preciso ganhar as eleições, porque «não se esfola um coelho
antes de o caçar». Ah, Passos fez a afirmação, tendo ao seu lado a atual
ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque. Mais. Paulo Portas subiu ao palco
para perguntar em quem os presentes no comício confiavam mais: em Maria Luís
Albuquerque ou em Teixeira dos Santos ou Mário Centeno? Boa pergunta. Mas alguém
podia ter perguntado a Portas porque se demitiu de forma «irrevogável» no verão
de 2012 quando Vítor Gaspar deixou o Governo e Passos Coelho optou por
substituí-lo por Maria Luís (...).
Nicolau Santos, in Expresso online
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