sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

CONTRIBUTOS EXTERNOS

#  E P I F E N I A  #
                                                                 
   Gil Monteiro*

Festividades consagradas à adoração dos Reis Magos e ao Menino Jesus.
Era, e ainda vai sendo, as Festas do Natal e das prendas, que não passavam dos piões (bicos de ferro e várias “baraças”), piões facetados e rapas de tira e deixa; e pinhões de pinheiros mansos; pedras de ardósia da serra de Valongo, eram os “livros” para as contas, redações e desenhos, enquanto o “regrão” se mantinha afiado, ou se afiava! Até os bocados partidos se utilizavam, ou serviam para jogos de trocas, comos os grãos de feijoeiros; pinhões e confeitos gostosos. Os brinquedos de rodas e varas para mexer as asas de pombas, palhaços de circo, conjuntamente, com os coloridos carros de lata, pareciam mais que reais!
Como os pedidos têm muita força, e as alegrias são muitas, os segredos das prendas eram conhecidos após a Missa do Galo. Os de maior volume ficavam para o nascer do sol mais, brilhante do que nunca, no meio da neblina, chuva de neve miudinha!
Alguns brinquedos entravam em exercícios, à luz dos lampiões, nas escadinhas da capela, enquanto o Sr. Prior regia os cânticos natalícios e os socos invernosos, cravejados de tachas, batiam no empedrado granítico.
O crepitar dos cavacos nas lareiras, ia festejando a opípara Consoada do bacalhau, polvo e rabanadas! Depois eram as leituras, contos orais e jogatinas!...
Os confeitos e rebuçados passavam, pelas faringes enfumaradas, deglutidos a sumos de tangerinas e água-pé. A Noite-Bela era festejada a cálices de vinho do Porto, colhido nas quintas rio Pinhão!
A noite só terminava com a ida de novo à Capela beijar os pezinhos do Deus - Menino, agora já calçado, pois o tempo e o Templo eram bem gelados; apesar dos saltos e das correrias, e o nevoeiro não deixar arrefecer demasiado a atmosfera!
Apesar de se saber que os seres vivos nascem, crescem e morrem, conforme o local terrestre, imploravam o bom tempo para as crianças e pobrezinhos, ainda que o Sr. Abade ordenar aos mortos-vivos de irem para o Paraíso (!)...
Ao ler, numas férias do Natal, na aldeia transmontana, o famoso romance “ Mãe” do russo Máximo Górki, tive que guardar as lágrimas nos olhos de tempestades e dores! Jesus salvou e salva os apertos do coração, ainda que o feriado do dia de Reis tenha sido extinto.
Se os seres, das bactérias aos vírus crescem aos milhões, os elefantes e baleias aos milhares; já na existência terreal o contrário e os ciclos rápidos e longos, mesmo nos bons sulcos, não dariam equilíbrios na evolução biótica dos trilhos...
Voltar a ler Crime e Castigo de Dostoiewsky e a obra-prima Guerra e Paz de Tolstoi, faremos a introspeção da nossa alma da homeostasia de caminhos culturais; e criatividades religiosas.

Vivam os Reis Magos e os seus reinados, e todos os seres representados nos Presépios.

3 comentários:

Janita disse...

Tão diferentes eram os Natais das crianças, outrora.
Diferentes, para melhor. Digo eu.
Qualquer brinquedo era uma alegria.
Lembro-me da minha boneca de papelão, comprada na feira anual, em Agosto. O meu desgosto quando lhe quis dar banho, mergulhando-a numa bacia cheia de água e ela ficou reduzida a um monte de cartão.
Se fosse hoje, se calhar teria sido castigada ou repreendida, a minha santa Mãe, sorriu condescendente...não me ralhou, mas também não me deu o abraço que eu desejava...Essa foi a única falta que senti em criança...os beijos e os abraços.
Naquele tempo não era 'uso' as manifestações de carinho, pois não?

Feliz Natal e um abraço, para o Zé Gil e Amigo. :)

500 disse...

Se quer que lhe diga, há muito que o Natal me diz pouco. Uma vez por ano somos todos muito amigos e etc e tal, uma hipocrisia, em muitos casos. Mas dou-me a, sinceramente, desejar Bom Natal e/ou Bom Ano às pessoas com quem diariamente me cruzo na rua mas com quem não tenho qualquer intimidade. Contraditório? Nem por isso, já que também lhes dou os bons-dias em qualquer dia do ano.
Também não alinho totalmente no "no meu tempo é que era...". Os tempos eram outros, diferentes, como a Janita diz quando se refere à boneca de papelão, ou o meu Amigo Zé Gil quando alude ao pião ou ao jogo dos pinhões à volta do fogo da lareira e ao beijo do Menino-Jesus. Hoje em dia é mais consumismo desenfreado e as crianças já não se satisfazem com uma boneca (se calhar nem com a Barbie).
Seja como for, aí vai um abraço com votos de Boas Festas.

Janita disse...

Valeu!! Muito! :)

Obrigada, José.