Faço parte do número de portugueses, infelizmente
muito numeroso, que não acredita na justiça. Talvez por isso dou pelo menos o benefício
da dúvida a quem diz ter sido condenado injustamente, sem factualmente ter sido
comprovada a sua acção criminosa.
Também faço parte de um bom número de portugueses que
não punha a mão no fogo (nem uma unha, quanto mais a mão) por Isaltino Morais,
ex-ministro e ex-presidente da Câmara de Oeiras. Mas não é de hoje que digo
achar muito estranho o facto de ele ter sido condenado a dois anos de prisão
(menos de metade de cinco), por um crime de fraude fiscal, que é grave, mas muito
longe da gravidade de um crime de sangue, e não lhe ter sido suspensa a pena.
Por isso concordo com ele, quando escreve o seguinte num livro agora editado: “Se eu fosse um vulgar cidadão seria
absolutamente normal que as leis se cumprissem. No caso Isaltino era preciso
recolhê-lo à prisão, porque assim regenera-se a política e a paz volta a reinar
no mundo judicial”.
Ao ler esta citação de Isaltino Morais lembrei-me logo
de Sócrates. Está preso há pelo menos seis meses, sem acusação e, ao que se
ouve e lê, sem provas concludentes daquilo por que é indiciado. E eu pergunto: Se
fosse outro qualquer cidadão que não Sócrates, ainda estaria preso?
Provavelmente não estaria. Compare-se o caso Sócrates com os casos BPP, BES e
BPN. Está alguém “lá dentro”? Não, não está. É isto justiça??
1 comentário:
A minha opinião sobre o homem não é positiva, mas tanto quanto julgo saber o crime é de evasão fiscal não passível de prisão. Mas ele há-de contar coisas sobre os seus "amigos".
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