Já manifestei neste blog a minha posição relativamente
às praxes académicas, sobretudo dos últimos vinte a trinta anos: sou contra. Ainda aceito a justificação
de que as praxes tenham sido importantes na integração dos novos estudantes que
chegavam a Coimbra para frequentarem a Universidade, porque Coimbra era uma
cidade universitária por excelência. A maioria da sua população estava directa
ou indirectamente ligada à Universidade.
Nos últimos dias, em consequência da tragédia do MECO,
o tema praxe está “na ordem do dia”. E a Comunicação Social não perdeu a oportunidade
para tirar partido dele – sobretudo televisões e rádios. Ora, foi através de passagens
de alguns destes programas que tomei conhecimento de algumas acções de praxe,
para mim, inimagináveis. Nem tenho palavras para qualificar algumas coisas que
vi. Qualificar aquilo de boçal ou imbecil é pouco. Aquelas práticas
são desumanas, humilhantes e atentam contra a integridade física e mental dos praxados.
Quem é capaz de praxar daquela forma, só tem um nome: Cretino.
Levantam-se agora algumas vozes no sentido de as
autoridades académicas e a tutela do ensino superior tomarem medidas para
acabar com elas. Mas apareceu logo quem discordasse, com o argumento de
estarmos num país livre. Pois estamos, é verdade. Mas num país livre, a
liberdade de uns acaba quando atenta contra a liberdade dos outros. Por outro
lado, Portugal é um Estado de Direito, onde as leis se aplicam a todos os
cidadãos e em todas as circunstâncias. Muitos daqueles actos são criminosos e,
como tal, para além de terem de ser punidos, têm de ser “prevenidos”.
A não ser assim, que país é este?
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