Manuel Maria Carrilho já não é um jovem político (e, muito menos um político jovem). Sabe perfeitamente que quando alguém é nomeado por um governo para ocupar um cargo de nomeação política, é porque tem, nesse momento, a confiança política desse governo. Sabe que a permanência nesse cargo não tem prazo (é costume dizer-se que é efémero) e que a todo o tempo pode deixá-lo, quer por razões estratégicas, quer porque perdeu a confiança do governo que o nomeou. Ora, é provável que Manuel Maria Carrilho vá ser afastado do cargo de embaixador junto da UNESCO pelas duas coisas. Quem ocupa um cargo de confiança política não pode desobedecer a uma orientação que lhe é dada pelo Governo nem deve fazer considerações pouco abonatórias sobre determinadas medidas do mesmo. Manuel Maria Carrilho tem todo o direito de discordar das opções governativas, mas se quer que publicamente se saiba dessas discordâncias, só tem que pedir a demissão, invocando motivos pessoais. É assim que um político eticamente correcto faz. Mas Manuel Maria Carrilho "gosta de entrar, mas não gosta de sair", porque lhe custa largar as mordomias.
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3 comentários:
Carrilho é um intelectual que convive mal com a política, ainda que me pareça que foi o único ministro da Cultura que Portugal teve.
É evidente que a sua não concordância com o voto no egípcio ía contra a orientação do governo, que se move numa esfera diferente da do intelectual e até admito que o candidato fosse mau (como parece que era).
Acredito que tenha sido informado em Abril que não seria reconduzido e nunca mais se lembrou... Será?!
As crítica que foi fazendo nos artigos no DN, que agora vão ser publicados em livro, não terão ajudado nada à sua manutenção no cargo. A entrevista ao Expresso pode ter sido a gota que fez transbordar o copo, dizem alguns, mas não creio.
Não precisará, mas dificilmente vejo uma nova nomeação para outro cargo político. Há regras que devem ser cumpridas e uma delas é a lealdade, que não o servilismo. E há coisas que devem ser ditas dentro de portas e não na praça pública.
Concordo absolutamente consigo. Se não está de acordo com quem o nomeou para um cargo de confiança política, demite-se, não faz objecção de consciência. Lamentável, é apenas que o Governo, em vez de dizer que o demitia por ter perdido a confiança em Carrilho, andou a espalhar que foi um movimento normal.
E há aqui um semi-mentiroso: ou Carrilho ou do MNE ou, até, ambos. E, mais, é suposto, que ambos utilizam uma linguagem "diplomática" e não através de comunicados orais sem qualquer valor. Lamentável, como bem diz Funes.
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