Não me pronuncio sobre a justiça ou a injustiça da sentença do chamado processo Casa Pia porque, confesso, não acredito na justiça. Mas não só. Algumas contradições verificadas ao longo do processo, e alguns erros grosseiros cometidos que foram do conhecimento público, levam-me a pensar que as provas são frágeis. Como foi possível indiciar alguém de ter cometido um crime de abuso sexual num determinado dia e em determinado lugar, quando se verificou que esse alguém nesse dia esteve no Brasil a participar num programa transmitido por um dos canais duma televisão portuguesa? É um erro muito grave. Quem explica que um arguido tenha sido acusado de ter cometido quarenta e oito crimes e ter sido condenado por dois? Em que se fundamentaram as acusações dos outros quarenta e seis crimes? A Senhora que era acusada de ter permitido que numa casa sua em Elvas fossem abusadas algumas crianças, foi absolvida. Significa que, se foi absolvida, não cometeu qualquer crime; e se não cometeu os crimes de que era acusada, não houve violações em Elvas. Mas alguém foi condenado por dois crimes cometidos em Elvas. Em casa de quem? E muito mais coisas nos fazem pensar que, desde a investigação até à elaboração da sentença, muitos fundamentos são débeis.
Uma coisa é certa: há vítimas. E se algumas provas que acusam alguns dos arguidos condenados são pouco consistentes, então não é descabido pensar que poderá haver abusadores que nem sequer foram indiciados. E diz-se em surdina que pode haver!
Com tudo isto, quem acredita na justiça?
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