domingo, 27 de novembro de 2011
O FADO
Pronto, o fado lá foi reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade. Não sendo uma das minhas prioridades musicais, não deixo de me congratular com o facto. Anos de trabalho de toda uma equipa, com a Câmara (ou o seu presidente) Municipal de Lisboa à cabeça, permitiram alcançar objectivo proposto. Também isto pode indiciar que com perseverança e o trabalho de casa bem feito é possível ir mais além. Tudo o que seja levar o bom nome de Portugal ao estrangeiro é positivo, independentemente dos benefícios imediatos, materiais ou outros.
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4 comentários:
Mas vamos ser sinceros: o que é que o país ganhou com essa treta do fado património de não sei quem?
O fado é património dos portugueses. Ponto final. Já o sabíamos e não precisávamos de o ver declarado. Não é património de mais ninguém que o não queira adoptar como património.
Tudo o resto são tretas em que uns funcionários bem pagos da Unesco (enquanto os EUA não deixarem de vez de financiar a organização) gostam de se deleitar.
Não?
Então vejamos: que outro bem imaterial conhecem os portugueses que também seja património da humanidade?
O tango?
E quem precisou de o ver declarado património da humanidade para o conhecer? E quem sentiu mais vontade de o dançar por causa de ele ser património da humanidade?
Ninguém, evidentemente.
E sem ser o tango?
Ah, sim, também li o jornal: o Kung-Fu Shaolin.
E o que é?
Não faço ideia.
E agora que ele foi declarado património da humanidade vou querer saber?
Não. Daqui a uma semana já me esqueci dele.
A treta do fado património é como os doutores de Coimbra antigamente: eram universalmente considerados os melhores do mundo, da porta férrea para dentro.
Este fim de semana o mundo ficou completamente fascinado com o fado, mas só em Lisboa e na RTP.
Como referi, o fado não faz parte das minhas prioridades musicais e tenho dúvidas quanto a ser "a" canção portuguesa, como o tango não o será da Argentina, a valsa da Áustria, o flamenco de Espanha, o samba do Brasil, a rumba de Cuba ou os mariachi do México.
Mas, a verdade é que identificamos uma música com o seu país de origem. E é bem provável que muita gente por esse mundo fora (nomeadamente ligada à música) tenha curiosidade em procurar saber o que é isso do "fado". Assim sendo, e se assim for, sempre se vendem mais uns cds e artistas podem ser contratados para "mostrarem" a coisa.
A argumentação de Funes não me convence. Para que serve, então, a laurisilva da Madeira? Alguém vai à Madeira por causa da laurisilva? E o Mosteiro do Batalha ou o casco do Porto?
Ao fado (de que não sou aficionado, como se percebe) devo a divulgação de grandes poetas portugueses que, de outro modo, não chegariam ao "povo". E, felizmente, tanto quanto sei, encontraram bons músicos para os poemas em questão, a começar pelo francês Alain Olman, a quem o moderno fado muito deve.
Para finalizar: o "prémio" aconchega o nosso ego e logo numa época do caraças...
A argumentação de Funes não me convence. Para que serve, então, a laurisilva da Madeira? Alguém vai à Madeira por causa da laurisilva? E o Mosteiro do Batalha ou o casco do Porto?
A treta da declaração destas coisas como património da humanidade?
Não servem para absolutamente nada, evidentemente.
A declaração de património da humanidade fez sentido no início. Foi o modo de salvar os templos que iam ficar submersos com a construção da barragem de Assuão. Significou dinheiro.
Depois a coisa banalizou-se. Não há no mundo pedregulho com mais de 15 anos que não seja património da humanidade. E, como entra pelos olhos dentro, num mundo onde tudo é especial, nada é especial.
Agora parece que é a azeitona e chouriço que também querem ser património da humanidade.
De acordo.
O templo de Isis, em Assuão, ou Abu Simbel (onde me cruzei, por mera coincidência com o então presidente Miterrand), nada têm a ver com os calhaus que por ai vão classificando. Mas que quer? Até o pastel de nata bateu o abade de priscos e os inúmeros pratos de bacalhau não constam das 7 maravilhas... Não falando das tripas tripeiras. E o Salazar não foi considerado o maior português de todos os (nossos) tempos?
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