terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Maçonaria não é uma religião, nem um maçon tem que adorar um Deus.

Publiquei neste blog um post em que criticava o facto de ter sido noticiado que a Igreja Católica Portuguesa, ou se quizermos alguns dos seus bispos, proibirem os católicos de serem maçons. Recebi um comentário asinado por "Funes, o memorioso", que agradeço - é sempre bom sabermos que somos lidos - mas com o qual não concordo. E porquê?



Diz "Funes, o memorioso" que não percebeu nada do meu post e que o mesmo não faz sentido algum pois entende, pelos vistos, que a Maçonaria é uma confissão religiosa. Só assim entendo algumas perguntas que faz, das quais cito duas: "Porque não há-de (a Igreja) poder dizer que não aceita como membro da Igreja os que adoram outro Deus que não o Deus dos cristãos? "Não será normal que a Igreja não aceite que os católicos sejam muçulmanos?



Ora, a Maçonaria não é dogmática, pratica a tolerância e respeita a liberdade de consciência. Para ela a religião pertence ao foro íntimo de cada um. Ou seja, a Maçonaria não é uma religião. Aceita pessoas de todas as crenças ou sem qualquer crença e de todas as ideologias não totalitárias.



Não devemos recuar aos tempos do "Santo Ofício" nem, mais recentemente, ao tempos da ditadura de Salazar/Caetano e acusar os maçons de serem contra a religião. De resto, sabe-se que muitos e ilustres membros da Maçonaria foram ou são crentes, ou mesmo, até, bispos. Quero entretanto esclarecer que não sou maçon.



1 comentário:

António Conceição disse...

Bem, meu caro, respondo-lhe agora, porque nos últimos dias não tive oportunidade de vir à blogosfera.
Na verdade, eu não sei bem o que é e no que acredita a maçonaria. Às vezes, ouço falar num grande arquitecto e vejo em certos edifícios (e no topo da pirâmide que aparece no lado esquerdo do reverso das notas de dólar) um triângulo com um olho lá dentro: o olho que tudo vê. Imaginei que se tratava de uma crença qualquer e não no Deus trino e uno,Pai, Filho e Espírito Santo, em que acreditam os católicos.
Mas o meu ponto também não era esse. O que eu sustentava - e sustento - é que a Igreja, como qualquer outra organização ou associação livre, tem o direito de dizer quem quer e quem não quer no seu seio. É livre de dizer que quem é comunista não pode ser católico, por exemplo. Ou, como é o caso, que quem é maçom não pode ser católico. Independentemente, das profissões de fé que façam os membros do PCP ou da maçonaria. Defendem valores que a Igreja condena e, portanto, a Igreja excomunga-os.
Continuo sem perceber onde está a ilegitimidade ou o crime e a que propósito se fala da Inquisição.
Vejamos de outra maneira: eu filio-me no Partido Comunista Português. Depois, escrevo nos jornais artigos em defesa do governo e do FMI, reclamo a privatização de todas as empresas públicas e protesto porque os salários só baixaram 10% em vez de 20 e o número de horas de trabalho só subiu meia hora por dia, em vez de duas horas. Não é um direito elementar do PCP expulsar-me do partido?
Então, por que há-de ser diferente com a Igreja?
O problema está em que o nosso mundo tradicionalmente católico se laicizou e as pessoas imaginam que lhes cabe a elas decidir em que é que acreditam para poderem continuar a ser católicas. Não podem. As pessoas podem acreditar no que quiserem, mas se aquilo em que acreditam cabe ou não na fé católica compete à Igreja decidir, não ao crente.
isto é tão óbvio que, insisto, continuo sem compreender.