As brutais medidas anunciadas por Passos Coelho não vão, no meu ponto de vista, resolver qualquer problema dos vários em que o país se encontra. Temo, até, que venham a agravar a situação.
O défice e a dívida portuguesas são de natureza estrutural e não conjuntural, pelo que medidas avulsas, limitadas no tempo, sem outro tipo de medidas de fundo, não vão ao cerne da questão e não resolvem problema nenhum. Apenas o adiam, com custos acrescidos.
O corte no rendimento bruto dos funcionários públicos e nas pensões de reforma e o aumento da taxa de IVA em diversos bens e serviços, diminuindo drasticamente o rendimento disponível, vão conduzir a uma diminuição do consumo, tendo como efeito imediato a diminuição da cobrança de IRS e de IVA (e em relação a este a fuga ao seu pagamento tenderá a aumentar) e a curto prazo à diminuição da produção e ao aumento do desemprego, com o consequente aumento das prestações sociais. Isto é: podem diminuir as receitas e aumentar os encargos. Tudo isto conducente à recessão da economia mais grave do que a admitida.
Acresce que sendo algumas das medidas anunciadas (subsídios de férias e de 13.º mês) válidas apenas para os próximos 2 anos, serão repostas em 2014. Que orçamento vai conseguir acomodar essa reposição? Ou o défice volta a disparar e voltamos à estaca zero, ou, pior ainda, a uma estaca enterrada e provavelmente podre?
Sem medidas que relancem a economia (que não vejo anunciadas - por onde anda o ministro?), que cortem, em definitivo, as tão apregoadas gorduras do Estado, receio que daqui a 2 anos estejamos ainda pior que hoje.
Veremos o que resulta da discussão do OE na AR, mas não se me afigura que haja coelhos escondidos na cartola. O governo não os terá e as oposições, mormente o PS, que está encolhido, com um líder de ocasião, não se mostra capaz de adiantar seja o que for.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
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1 comentário:
É urgente que o primeri-ministro explique "Concretamente" Todos os buracos de que fala. Caso contrário ninguém o pode levar a sério.
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