quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA"

Não faltará muito para cairmos naquele mundo louco descrito por José Saramago (a quem roubei o título).
Leio, vejo e ouço os mais desvairados comentários sobre o mesmo tema, e temo. Ninguém se entende seja sobre o que for. Há soluções (teóricas?) para tudo, dizem uns. Os problemas que nos afligem não têm solução, avançam outros.
Saímos do euro ou nele devemos manter-nos e a que preço?
Os ministros e deputados da maioria desdizem-se uns aos outros todos os dias.
Vamos tomando conhecimento de que mais uma "medida" vai ser tomada para, no dia seguinte, nos virem dizer: "não, não foi isso que foi dito, é um pouco menos duro". Uf, ainda bem! Se até o banqueiro Ulrich diz que o burro ainda aguenta maior carga e menos feno....
Os 'conselheiros' do FMI "já cá estão!", terá dito, ufano, o grande minorca Marques Mendes, que parece ser a voz do dono em segredos mal guardados. Os partidos da oposição, particularmente o PS, mostram-se espantados e indignados. Portugal já nem é um protectorado, é uma quinta de férias de ricos endinheirados.
O primeiro-ministro torna público que escreveu uma carta a Seguro, a quem nunca deu cavaco sobre o andamento das negociações com a troika, a pedir a sua assinatura num papel em branco, o que este recusa timidamente, género "agarrem-me se não bato-lhe".
Vasco Lourenço fala em guerra na Europa.
O Cardeal Policarpo confirma a sua opinião de que "isto" não vai lá com manifestações de rua. Talvez uma procissão ou uma missa resolvam os problemas. Os fieis decidirão de acordo com a prédica.
O CDS-Madeira vota contra o OE e o paulinho das feiras, que não queria este OE, afirma que os estatutos do partido são para cumprir por todos os militantes.
Cavaco Silva, desaparecido em combate (*) (ordens da Merkel?) bem poderia demitir o governo Gaspar-Relvas-Passos (por esta ordem), dissolver a AR e entregar o País a quem a troika entendesse. No mínimo, poupam-se uns bons milhões de euros.
Entretanto, a Merkel diz, ao deitar, em voz baixa, com um olho no tecto e outro no mapa na parede do seu quarto: "Adolfo, vês como se conquista a Europa? Eras um amador".
(*) Mentira, já que um dia destes entregou uma comenda a um actor.

Sem comentários: