Embora
possa parecer um bocadinho fora de tempo, quero comentar a mensagem de Ano Novo
que o Presidente da República dirigiu aos portugueses.
Estava
a ouvir Cavaco Silva e, de certo modo surpreendido pela positiva, exclamei: “Afinal
Cavaco está vivo”. É claro que todos nós sabíamos que o homem estava
fisicamente vivo e de boa saúde. Mas como, apesar dos inúmeros apelos que directa
ou indirectamente lhe eram feitos para se pronunciar, nada se lhe ouvia,
começou a correr nos comentários políticos de ocasião a ideia de que, em termos
do exercício das suas funções, Cavaco Silva portava-se como se estivesse morto.
Devo
confessar que nunca pensei ver e ouvir Cavaco tão próximo das posições do PS e tão
longe das posições do Governo. Cavaco teve mesmo momentos em que foi muito duro
nas críticas que fez, quando disse que este processo de reduzir o défice se
estava a tornar socialmente insustentável, ou quando afirmou que somar
austeridade à austeridade “é um círculo vicioso que temos de interromper”.
Mas
a determinada altura interroguei: Se o Presidente tem de facto dúvidas sobre a
constitucionalidade de partes do Orçamento e se está a ser sincero e não
hipócrita, porque é que promulgou o Orçamento; para agradar à Troika? Mas não é
suposto que o Presidente tem é que agradar aos portugueses e defendê-los destas
mal feitorias desta maldita austeridade?
De
qualquer modo já poderemos dizer que Cavaco Silva já não está só em Belém a
olhar para o Tejo a ver passar navios. Pelos vistos já vai ouvindo as notícias,
pois como sabemos não gosta de ler jornais, como ele disse em tempos.
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