A ser verdade a notícia publicada hoje no jornal Público, a justiça e a investigação criminal em Portugal, não só bateram no fundo como, se nada se fizer, e rápido, nunca mais de lá saem.
Lê-se: "Procuradores quiseram ouvir Sócrates mas não tiveram tempo". E, mais à frente: "Ministério Público diz que importaria ouvir o primeiro-ministro e elencou 27 perguntas a fazer-lhe. Por ora essa diligência foi inviabilizada".
Primeira questão: Quem forneceu ao Público, e com que intenções, o despacho final do proceso Freeport?
Segunda questão: Como é possível dizer-se nas conclusões de um processo de investigação criminal que durou mais de seis anos, que não houve tempo para ouvir alguém que foi "referido em diversos documentos apreendidos e em depoimentos prestados"? Não sabiam os senhores procuradores que o tal "referido" era José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal e, como tal, terceira figura do Estado, o que os obrigaria a pedir autorização ao Conselho de Estado para o ouvirem?
Terceira questão: o despacho refere que se mostra inviável a inquirição a José Sócrates e, sendo assim, deduzem o despacho final. Então, para quê dar a conhecer as questões que pretrendiam colocar ao primeiro-ministro, apesar da ausência de qualquer proposta nesse sentido por parte da Polícia Judiciária?
Tudo isto parece muito estranho, num processo que é o terceiro mais caro da história judicial portuguesa, só superado pelo caso Camarate e pela investigação do desaparecimento da criança Madeleine McCann.
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