Realizou-se ontem o Festival RTP da Canção. Longe vão os tempos em que a noite de sábado do festival era um serão especial, em que as famílias jantavam cedo e rápido para se juntarem todos em frente à televisão, algumas vezes acompanhados de vizinhos, e verem e ouvirem em silêncio cada canção, comentando-as no fim de cada interpretação. Era uma festa. No dia seguinte, Domingo, no fim das missas, nos cafés, nos intervalos do cinema, etc, falava-se e discutia-se com amigos e conhecidos a qualidade das canções, o bom ou mau desempenho dos apresentadores, a justiça ou injustiça das classificações e ..., a esperança de "ser este ano que vamos ganhar na Eurovisão". belos tempos!
Agora as coisas são muito diferentes, é óbvio. Os tempos são outros, a tecnologia e os meios audiovisuais evoluiram exponencialmente. Por isso o festival devia ser diferente para melhor. Mas não, vem piorando desde há alguns anos. Uma boa parte dos portugueses, sobretudo os mais jovens, já pouco ou nada liga ao festival e os melhores autores, compositores e intérpretes de canções portuguesas não concorrem.
O deste ano, que se realizou ontem, foi, em meu entender, uma miséria. A todos os níveis, incluindo a produção do mesmo e a apresentação. Só duas ou três canções eram menos más, sendo que, como tinha que vencer uma, o júri nacional até escolheu talvez a melhor. Mas agora, para prender o espectador e lhe darem a ideia de que também "tem voto na matéria", a escolha final é, no todo ou em parte, também decidida através de televoto, voto por e-mail ou outro através da internet. Ora, todos nós sabemos que este tipo de votação é enganadora para não lhe chamar aldrabona. Já vimos concursos com sessões a eliminar em que concorrentes que um júri especializado na matéria queria excluir, era depois contrariado pela votação do "público (?)". Vinha-mos depois a saber que eram pessoas ligadas a associações recreativas, ou até a cafés, de pequenas cidades ou de regiões autónomas. Quer dizer: a escolha não era justa, mas interesseira.
Foi o que aconteceu com a escolha da canção de ontem e que, infelizmente, nos vai representar no festival europeu. Triste miséria! Vi, e não queria acreditar. Até pensei por breves momentos que tínhamos voltado ao tempo do PREC. A Europa, felizmente só aquela pouca que ainda vai em festivais, vai arregalar os olhos e abrir a boca de espanto. Pobre Festival da Canção!
1 comentário:
Não vi, e como diria o outro, não gostei, mas li que houve quem apoiasse.
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