O nosso país tem a obrigação e o dever de não se esquecer e de homenagear todos aqueles que, voluntariamente ou obrigatoriamente, combateram numa qualquer Guerra. Por isso, se o Presidente da República é convidado a presidir a uma dessas homenagens, deve dizer umas palavras de apreço e até de gratidão aos ex-combatentes. Não pode, por insensibilidade, dizer disparates.
Numa cerimónia comemorativa do 50% aniversário do início da Guerra do Ultramar, Cavaco Silva faz um apelo aos jovens de hoje para que "se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo empenho e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na Guerra do Ultramar".
Sr. Presidente: Sobre que aspecto a Guerra do Ultramar foi essencial para o futuro do país? Coragem, não tenho dúvida que os então jovens combatentes tiveram, mas desprendimento e determinação duvido. Eu não tive, Sr. Presidente. Ainda me lembro que comigo deram entrada em Mafra à volta de seiscentos jovens, em tempo de exames nas Universidades, muitos dos quais ainda tinham direito a adiamento de incorporação, segundo as normas de recrutamento de então. Mas foram incorporados para servir de exemplo a todos os outros que se manifestavam contra aquela guerra e de um modo geral contra a ditadura e o colonialismo. Ambas as coisas condenadas por quase todas as instâncias internacionais. É que, Sr. Presidente, ao contrário dos jovens de hoje, a quem V.Exa pede que se façam ouvir, nós os jovens combatentes do Ultramar nada podíamos dizer. Por isso pedimos mais respeito!
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