Leio que o Presidente da República está preocupado com a mega-emissão de dívida pública que vai inevitavelmente acontecer em Junho. E que, agora que tem de decidir pela dissolução do Parlamento e pela marcação de eleições legislativas antecipadas, se vê confrontado com uma enorme complicação de calendários. Mas ..., ó senhor Presidente, o senhor não tinha os calendários à sua frente quando resolveu redigir um discurso de posse que iria incentivar a Oposição a arranjar maneira de fazer cair o Governo? E mesmo quando se perspectivou que cairíamos numa crise política de consequências imprevisíveis se o PEC fosse chumbado, o que fez V. Exa? Lavou as mãos como o fez o antigo governador romano Pôncio Pilatos. Tal como este, V. Exa demitiu-se de exercer as suas funções. Pilatos não quiz desagradar àqueles que queriam ver Jesus Cristo crucificado, V. Exa não quiz desagradar àqueles que queriam derrubar o governo. Ambos tomaram tais atitudes porque não queriam chatices. Mas V. Exa vai tê-las, não tenha dúvidas. Foi bem avisado disso por muita gente. Mas qual iluminado, que nunca se engana e raramente tem dúvidas, não os quiz ouvir. Mas, entretanto, ouviu a preocupação dos líderes europeus com a crise política que se instalou em Portugal? Bom, dirá V. Exa, eles não sabem nada disto.
Faço-lhe um apelo, senhor Presidente, quando V. Exa falar ao país para anunciar que vai dissolver o Parlamento (ou, como sempre para não dar a cara, vai fazê-lo no facebook?), faça uma promessa solene aos portugueses, como já o fizeram antecessores seus: se das eleições não sair uma solução forte de governo que possa enfrentar a crise em perfeita estabilidade, V. Exa renuncia ao mandato. Era de homem corajoso, não era?
Sem comentários:
Enviar um comentário