Ainda que por um pentelho, o PS vence as próximas eleições. Cavaco fica com uma batata quente nas mãos, convidando, ainda informalmente e com absoluto sigilo, Passos Coelho a apresentar-lhe um governo de coligação com o CDS, que fazem maioria na AR, informando disso Sócrates. Este não se conforma ser chutado para canto e reclama ser o PS a formar governo, já que foi o partido mais votado e com maior número de deputados eleitos. No entanto, não encontra aliados nem à direita nem à esquerda, pelo que Cavaco o informa de que vai oficializar a indigitação de Passos. Aí, Sócrates, num gesto improvável de auto-imolação patriótico, exclui-se do cargo de primeiro-ministro, propondo a Paulo Portas um governo de coligação, com outra figura do PS como primeiro-ministro. "Quem ?", pergunta Portas. Sócrates apresenta-lhe uma lista. Chegam a acordo e o PS apresenta-se em Belém com a solução. Ainda que a contragosto, Cavaco tem que aceitar.
E Sócrates pode ou não ficar no Parlamento como deputado (e, quem sabe, garantindo ascender à segunda figura na hierarquia do Estado, como presidente da AR, correndo da AR com a figura incrível de Fernando Nobre, deixando Cavaco furibundo!).
Sócrates poderá então alegar orgulhosamente que se sacrificou em prol do País, que nunca esteve agarrado ao poder e que com ele à frente do PS o partido ganhou três eleições seguidas, perfomance que passará a constar dos anais. Continuará, como é evidente, a liderar o PS, garantindo, por outro lado, que o indigitado primeiro-ministro, se filiado no PS (como deverá vir a acontecer), não lhe disputará a liderança em próximas eleições internas.
Falta conhecer a tal lista que Sócrates apresentou a Portas. Há várias hipóteses: um "independente" próximo do PS ou alguém com credibilidade e maleabilidade suficientes para ser aceite por Portas e por Cavaco. António Costa? Não pode abandonar a Câmara de Lisboa. Francisco Assis? Duvido, é demasiado picareta falante. Ferro Rodrigues? Demasiado esquerdista para o gosto de Portas. Silva Pereira, o conselheiro-mor de Sócrates? Demasiado colado a este. António Vitorino? Tem mais que fazer e ganhar.
Seja, porém, quem for, a solução está encontrada. E Sócrates, de vilão ascenderá à categoria de herói nacional.
Vão por mim, que consultei o oráculo de Delfos.
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