Era minha vontade não voltar a escrever sobre o chamado fecho das escolas. No entanto, em face duma notícia que li no jornal Público cujo títuilo é: "Bispo de Lamego considera que fecho das escolas agrava desertificação do interior", entendi que devia voltar a marcar a minha posição sobre o assunto.
É verdade que a desertificação do intrerior e o fecho das escolas são situações que estão muito interligadas. Mas ao contrário das críticas que se têm lido e ouvido, não é o fecho das escolas que conduz à desertificação, mas a desertificação que leva ao fecho das escolas. As escolas fecham porque quase não têm alunos. O fenómeno da desertificação começou há muitos anos e itensificou-se, nos tempos da chamada guerra do ultramar, quando muitos jovens, após cumprirem perto de três anos de serviço militar, não quiseram ficar na sua pobre aldeia e, na expectativa de melhores condições de vida, emigraram para países europeus, sobretudo para França, ou foram procurar trabalho para outras localidades com mais actividade económica. Há ainda a considerar o fenómeno da inversão da pirâmide demográfica, consequência da redução drástica do número de nascimentos. Acresce a tudo isto que, tendo em vista proporcionar aos alunos do primeiro ciclo um ensino de melhor qualidade, com iniciação ao Inglês (fundamental neste mundo globalizado), à Educação Física e à música e à criação de actividades extra-curriculares, o Ministério da tutela incentivou muitas Câmaras Municipais à instalação de Centros Escloares e à implementação de redes de transportes que ponham à disposição dos alunos a vinda à escola e o regresso a casa daqueles que frequentavam ou iam frequentar as escolas a encerrar. Não se trata de "retirar as crianças aos pais e afastá-los do ambiente próprio da sua educação ...", como diz o Senhor Bispo de Lamego; trata-se, isso sim, de lhes dar as mesmas oportunidades que têm os seus colegas das cidades. Por isso gostei de ver um Vereador da Câmara de Peso da Régua dizer, com um certo orgulho, que vão trazer os miúdos das escolas das aldeias para o Centro Escolar entretanto criado na sede do Concelho, para que tenham a mesma qualidade de ensino dos seus colegas da cidade. O meu aplauso!
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