Já várias vezes confessei que pertenço
ao número de portugueses que não acreditam na justiça portuguesa. Choca-me
saber que cidadãos portugueses estiveram presos, preventivamente nuns casos, e
até condenados noutros, relativamente aos quais se veio a concluir mais tarde
estarem completamente inocentes dos crimes de que foram injustamente indiciados,
acusados e, pasme-se, até condenados.
Nos
últimos tempos são correntes as sistemáticas violações do segredo de justiça
feitas em órgãos de Comunicação Social, mais frequentes em jornais e/ou
revistas. E, pior, há situações em que os arguidos e os seus advogados sabem
primeiro pelos jornais dos desenvolvimentos dos processos e só depois é que
recebem as notificações judiciais.
Vi
e ouvi há pouco uma notícia, que nos dá conta que a revista “Sábado”,
transcreve um interrogatório feito a José Sócrates pelo Procurador do
Ministério Público que lidera a investigação da qual o ex-primeiro-ministro é arguido.
Com pormenores e tudo! Pergunto: Como é que isto é possível? Quem deu à revista
Sábado a gravação daquele interrogatório? Ou foi José Sócrates, ou algum dos
seus advogados, ou o Procurador do Ministério Público, ou um qualquer
investigador ou funcionário judicial que esteve presente no acto. É bom que
quem de Direito (talvez a Procuradora Geral da República) se empenhe em
descobrir quem de facto informou a revista Sábado. Não é possível continuar a
fechar os olhos a estes graves atentados a princípios fundamentais de um Estado
de Direito Democrático. Como é possível?
1 comentário:
Um homem sem fé e por isso não acredita em milagres, mas que os há, há. Por vezes até há sentenças justas.
Quanto ao segredo, já nem nos padres se pode confiar. O Francisco é o único que me merece, ainda, alguma confiança.
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