sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O Chávez português?

Durante o tempo em que Marinho e Pinto exerceu o cargo de Bastonário da Ordem dos Advogados estive quase sempre de acordo com as suas posições, pois considerava-o como uma “pedrada no charco” de um cargo que ia sendo ocupado por causídicos pertencentes aos grandes escritórios de advogados, que o exerciam como se estivessem sentados num trono e que não mexiam uma palha que pudesse pôr em causa os interesses instalados. Pelo contrário, Marinho e Pinto veio afrontar esses interesses e denunciar os grandes honorários que muitos desses escritórios cobram ao Estado. Também não teve medo em afrontar os interesses e as benesses de Juízes e outros magistrados.
Estranhei quando o vi candidato a Eurodeputado pelo MPT – um partido sem grande implantação no nosso país –, e comecei a desconfiar das suas boas intenções à medida que fui ouvindo o seu discurso. Não gosto de ver quem chega à política – pessoa ou organização (partido) – a fazer juízos de carácter dos que já lá estão e a fazerem profissão de fé de que serão melhores do que os outros. Normalmente, após algum sucesso resultante do descontentamento conjuntural, acabam mal. Veja-se o exemplo não muito longínquo do PRD e o previsível exemplo do Bloco de Esquerda.
Mas, o que verdadeiramente é Marinho e Pinto, começámos a sabê-lo quando rumou a Bruxelas e nestes tempos próximos passados. Começou com um discurso populista, no pior sentido, e traiu sem escrúpulos quem lhe deu a mão e lhe proporcionou disputar eleições e ser eleito. Conforme traiu o MPT também trairá os portugueses seus eleitores se isso for bom para os seus (dele) interesses.
E como classificar as recentes entrevistas dadas à Antena 1 e à TSF, publicadas e/ou referidas em vários jornais?  Próprias de um populista da pior espécie, que fala para os portugueses como se estivesse a falar para insensatos e/ou idiotas. Quanto ao estilo truculento e insultuoso que usa – dizendo preferir acordos com o diabo do que com alguns partidos –, como não vivi nos tempos de Hitler nem de Mussolini, e como Salazar usava outros métodos, só o posso comparar a Hugo Chávez.
Triste fim político, prevejo, para este homem.   



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