segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Foi Cavaco, ele próprio

Aparecem agora alguns amigos de Cavaco Silva (serão mesmo amigos?), com o inevitável prof. Marcelo à cabeça, com um discurso que pretende deitar água na fervura da indignação que resultou das palavras do venerando Chefe de Estado a propósito das suas pensões de reforma e, sobretudo, do facto de as mesmas não lhe chegarem para as suas despesas. Suas e, evidentemente, as despesas da sua Maria que, coitadita só tem oitocentos euros de pensão de reforma. Dizem os amigos(?) que Cavaco Silva, embora infeliz nas palavras, foi mal interpretado, pois o que ele pretendia dizer era que até os cidadãos com maiores rendimentos eram afectados com estas medidas de austeridade e que também teriam que fazer alguns sacrifícios. Ora, estes pândegos só podem estar a reinar connosco, pois sabem tão bem como nós que Cavaco Silva foi igual a si próprio, e à pergunta de um jornalista que queria saber se ele, ao contrário de muitos outros pensionistas com pensões muito menores, iria receber subsídios de férias e de Natal através do Banco de Portugal, reagiu como havia reagido quando vieram à baila os casos das trocas das vivendas do Algarve ou os bons ganhos que obteve nas aplicações financeiras no falido BPN, com rispidez, justificando o seu património com as garandes poupanças que fez com a sua consorte ao longo de quase cinquenta anos, e pretendendo dar a entender que ele, como poucos, é um homem acima de quaisquer suspeitas. A treta do costume. Quer dizer: Cavaco foi igual a si próprio, respondendo com arrogância, sem dar conta que estava a entrar num "bate boca", do qual ele, na condição de mais alto magistrado da Nação, não pode entrar. Como escreveu Vasco Pulido Valente no jornal Público, Cavaco ressuscitou "o velho homem de Boliqueime, com a sua arrogância, a sua cegueira e a sua habitual hipocrisia"

1 comentário:

500 disse...

Cavaco é um tipo ronhoso (cheio de ronha) e lida muito mal com o dinheiro, com o seu próprio dinheiro, cuja proveniência tem sempre dificuldade em abordar. Sente-se sempre incomodado com a matéria. Porque será? Tem alguma coisa a esconder? Já o escrevi, mas volto ao assunto: diz que descontou 30 anos para o fundo de pensões do BdP, mas nem lá trabalhou 30 anos nem fez qualquer desconto para o fundo e reformou-se com 100%, ao que parece, o que não é das normas. O incómodo que sente quando é abordado sobre dinheiros parece revelar que não se sente muito à vontade, o que não abona nada em seu favor. E o povoléu não é burro, por muito que os seus "amigos" e demais opinantes venham a terreiro defendê-lo. Acho muita piada aos que dizem que "o que o PR disse foi mal interpretado, já que o que ele queria dizer é que..." Não façam de nós parvos. Acrescento: o homem teve a lata de afirmar que "abdicou" do salário de PR! Abdicou, ou resulta da lei? A leitura, para os menos avisados é: vejam lá, coitado, até prescindiu do salário da presidência. Que bom homem. Não há pachorra.