Durante muitos anos os clubes de futebol, melhor dizendo os seus dirigentes, por razões eleitoralistas, dadas as paixões que lhe estão subjacentes, eram tratados pelos dirigentes políticos como se fossem um Estado dentro do próprio Estado. Por isso não cumpriam ou ignoravam muitas das leis e, propositadamente, também não cumpriam as suas obrigações fiscais. Na segunda metade da década de noventa o Estado, através do Ministério das Finanças, resolveu dizer aos clubes que não tolerava mais futuros incumprimentos fiscais e intimou-os a pagarem as dívidas dos anos anteriores. Após ameaças demagógicas dos clubes, uma vez mais o Estado cedeu e foi acordado o famoso e vergonhoso totonegócio, segundo o qual as dívidas antigas dos clubes eram pagas com as receitas do Totobola. Já na altura era evidente que o Totobola estava em decadência e logo se previu que seria muito difícil atingir a liquidação das dívidas em causa. E, claro, a previsão cumpriu-se. Passado há muito o prazo do totonegócio, verifica-se que ficaram por pagar cerca de 13 milhões de euros, quantia que os clubes de futebol já davam praticamente por perdoada. Mas enganaram-se. O Fisco notificou-os há dias (clubes, federação e liga) para pagarem as dívidas no prazo de trinta dias. Habituados às sucessivas cedências do Estado, os clubes vociferaram e até ameaçaram paralisar todas as competições a nível nacional caso o Governo não se mostre disponível para encontrar uma solução, que todos nós já sabemos qual é: Não pagar. Houve até um auto-intitulado sem abrigo que veio mesmo com um enorme descaramento dizer que estão cansados da perseguição do Ministério das Finanças! Basta. Desta vez o Governo não pode ceder. Seria uma enorme traição às pessoas que estão a passar muitas dificuldades para viver, tendo em conta as medidas de austeridade que lhes foram impostas. O futebol não está acima da lei. Era o que faltava.
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