A mensagem que publiquei no passado dia 30 de Novembro, com o título "Festejar o 1º. de Dezembro para quê?", mereceu 1 comentário, que agradeço, mas ao qual pretendo fazer alguns reparos:
Nunca soube e continuo a não saber qual é a "mais absurda ditadura" que se celebra no cinco de Outubro. No cinco de Outubro celebra-se a implantação da República, que é uma forma de governo em que o chefe do estado é eleito, directa ou indirectamente, pelos cidadãos através do seu voto, tendo a sua chefia um limite de duração. Quer dizer, então, que a soberania está no Povo. Não protestei porque, a meu ver, este ano até se compreendia que o dia fosse feriado, já que se celebrou o centésimo aniversário. No entanto, também não concordo que o seja. Há feriados políticos a mais.
Portugal é um pais pequeno, periférico e muito dependente económica e financeiramente do bom ao mau estado da economia dos outros países, sobretudo dos espanhóis; então, porquê hostilizá-los, lembrando e, pior ainda, celebrando os nossos desentendimentos passados?
Sou Iberista e, até mais, sou europeísta. Mas sou sobretudo português e tenho a noção de que não podemos ficar orgulhosamente sós.
Se os monárquicos querem um dia para fazerem uma espécie de contraposição ao cinco de Outubro, estão no seu direito, mas faço-lhes um apelo: escolham outro pretendente, que não seja descendente do absolutista D. Miguel, e que não diga disparates.
1 comentário:
Bem, os monárquicos que tratem de defender o rei deles. Não é questão que me diga respeito.
Quanto ao seu iberismo e europeísmo é, naturalmente, um direito e não sou eu quem lho vai negar. Não creio, todavia, que os espanhóis fiquem especialmente ofendidos com a celebração do 1.º de Dezembro. Nem devem saber que existe tal feriado entre nós, nem o que comemora. Tal como a esmagadora maioria dos portugueses, de resto.
Resta-me a questão da I República. Parece-me que anda a precisar de estudar um bocado de História dessa época, meu caro Pereiró.
Quem lê a sua frase: celebra-se a implantação da República, que é uma forma de governo em que o chefe do estado é eleito, directa ou indirectamente, pelos cidadãos através do seu voto, tendo a sua chefia um limite de duração. Quer dizer, então, que a soberania está no Povo pode até pensar que o povo (o tal em cuja casa reside a soberania) contava para alguma coisa na República implantada em 1910. Dir-se-ia até que a generalidade dos cidadãos tinha direito de voto e que os círculos eleitorais eram elaborados de forma a representar o país. Dir-se-ia que a sanguinária chacina do 14 de Maio foi o exercício normal de uma manifestação institucionalizada do poder do povo. E a camioneta da morte e o assassinato bárbaro do primeiro-ministro é episódio normal em qualquer democracia que se preze.
Repito: a I República, se comparada com a chamada ditadura de João Franco que a antecedeu ou com a ditadura de Salazar que lhe sucedeu, é um regime sanguinário que só por má fé ou ignorância alguém pode defender ou aplaudir.
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