Opinião
Quando o director-geral do fisco se queixa do envelhecimento dos funcionários
Goza de largos saber e experiência na área
tributária. O “homem forte” do fisco está recomendado para o cargo que
ocupa.
A posse ocorreu austera. Sala cheia à maneira tradicional. Discursos. Da
ministra das Finanças, claro. Do empossado que tem o “seu” programa para os
impostos. O primeiro ponto foi o de juramento de fidelidade a quem manda e o
nomeou. Estava de acordo com a política e ideias do Governo. Funcionário tem
carreira a preservar.Brigas Afonso atestou uma realidade. Os funcionários do fisco são cada vez menos. A Autoridade Tributária tem um défice de 225 trabalhadores. Vai abrir um concurso para mais 1000!
O drama do director-geral não são os cidadãos: bem servir. São os contribuintes: espoliá-los até à alma com impostos. No Ministério das Finanças, ignora-se a cidadania. Só há contribuintes e sujeitos passivos.
A tragédia vem da “perversidade” da natureza. Os funcionários do fisco estão cada vez mais velhos! Brigas Afonso constata, com espanto, que não há energia tributária que resista à lei que sempre regeu o homem: a idade avança, nunca recua. O calendário limita-se a obedecer. Com ou sem ciência e códigos fiscais.
É um jovem de 60 anos. Falece-lhe inspiração e capacidade para dirigir uma equipa de 11.000 velhos funcionários com a média de 49 anos de idade. Que, desafiando a ordem natural da vida e desleixando as urgentes necessidades do fisco, “está lentamente a envelhecer”.
O que obriga o líder fiscal a consultar o seu Governo. A saber como vai extorquir os nossos rendimentos e património com funcionários velhos. Promover a descida significativa da idade da reforma. Sugerir a sua remessa para a “mobilidade especial”. No limite, conceder-lhes a carta de alforria que é o desemprego. De contrário, vai liderar velhos cada vez mais velhos até aos 66 anos de idade.
Sem esses acrescentos na “reformazinha” do Estado, as liquidações de impostos amontoam-se, as cobranças difíceis também, as informações bancárias ficam por analisar. Velhos de 49 anos ouvem mal, vêem pior, entaramelam os contactos com o contribuinte. São susceptíveis a grandes e pequenos favores, abusos de poder, corrupçõeszinhas, manipulam os processos até à prescrição. Odeiam computadores!
É o caos, o colapso da AT!
O modo aligeirado como o director-geral versou uma questão séria não é novidade. Descende da ignorância e insensibilidade com que o Governo a tem tratado. As pessoas não contam. São a última prioridade muito depois da última. O “nível etário” dos funcionários é o “aspecto mais crítico” dos serviços. A angústia do director-geral reside no “progressivo envelhecimento da pirâmide etária”.
Os funcionários das finanças estão encaixados numa folha de Excel em forma de pirâmide. A partir do meio, em sentido inverso, é a terceira idade. A abater.
O Ministério das Finanças tem um grave problema: a avançada idade dos funcionários que contrasta com a juventude do director-geral.
O envelhecimento não perdoa. É danado!
In PÚBLICO de ontem
1 comentário:
O gajo, assim sendo, já devia estar de pantufas, em casa.
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