"Erro” ou
homofobia
Por Antunes Ferreira
Inadmissível?
Lamentável? Ignominioso? Desleixo? Este pot-pourri de interrogações não
serve para qualificar o que é inqualificável. Refiro-me obviamente à actuação
de José Rodrigues dos Santos, um pivot de qualidade mas também de alguns
excessos frente às câmaras da RTP. Por mais desculpas esfarrapadas que sejam
apresentadas (e que já foram por Paulo Dentinho, director de Informação da
televisão pública, ao visado) tenho de estar do lado do povo:” desculpas não
curam!”
A
cena caricata (para não dizer pior!) teve por protagonista
(indesejável) Santos que ao apresentar os deputados à nova Assembleia da
República, afirmou que “o deputado mais velho
tem 70 anos e foi eleito - ou eleita - pelo PS.” Decorreu na
quarta-feira no telejornal. Gafe, descuido, distracção? Um jornalista como JRS,
qualificado universitariamente, tarimbado por muitas intervenções vividas em
canários de guerra , inúmeras reportagens e etc. não pode dar-se ao luxo deste incrível
lapso (???) O professor jubilado Alexandre Quintanilha é homossexual assumido e
casado com o escritor norte-americano Richard Zimler. ´
Também
e como é sabido sou jornalista, reformado ao que dizem, pois para mim um
jornalista nunca se reforma e aceito que se cometa um erro, seja por que por
que motivo for. Quem anda em tais vidas – e, curiosamente, também andei – por
mais que o alinhamento dum programa em directo não pode dizer “o deputado mais velho tem 70 anos e foi
eleito – ou eleita pelo PS” Uma simples regra da morfologia – que aprendi
na 4.ª classe da instrução primária (quando a havia…) diz que o sujeito sujeita
o complemento directo em número, grau ou espécie.
Parece
que nos dias que vão correndo a terminologia é outra; mas foi assim que aprendi
e embora se diga que só os burros não mudam, continuo a sentir-me confortável
com aquilo que digo e escrevo. Outro tanto digo sobre o famigerado Acordo
Ortográfico que para mim é hortugráphico.. . Mas, já me afastei do objectivo
que aqui me trás: o dislate, mais, o despautério de José Santos.
Explico: quando o
pivot diz o deputado foi eleito, por mais distraído que esteja
e não deve estar, não pode concluir, dando de barato que a gramática não é uma
cebola, “ eleito ou eleita” Mau…
Desse-lhe o nome mais antigo ou mais moderno (eu fico-me pelo primeiro) parece
que há casos em que não se deve respeitar a concordância. Assim sendo,
pergunto: em que ficamos? Cumprem-se as mais elementares regras? Não se
cumprem? Sabe muito bem JRS destrinçar essa incómoda e maniqueísta situação. É
escritor bem publicitado e professor universitário.
Confessou ele um dia
depois que. “por equívoco, referi que o
deputado mais velho eleito para o parlamento era uma mulher. Na verdade, o
deputado mais velho é Alexandre Quintanilha”. Estava levantada a polémica. As
redes sociais que dia-após-dia vão aumentando o seu poder de disseminação
começaram de imediato a publicar inúmeras mensagens a insultar o apresentador e
exigindo severa punição.
O
provedor do telespectador, outro jornalista, Jaime Fernandes, disse que também
na quinta-feira que recebeu “dezenas de protestos” sobre a infausta “notícia”
do telejornal e que vai abordar o assunto no seu próximo programa. Já o
inefável Carlos Magno (também jornalista, isto tem uma mão cheia deles…) veio
dizer que não participa em “caça às bruxas” e que não concordava com o processo
que o Conselho Regulador da ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social
tinha anunciado que decidira “abrir um processo
contra a RTP" devido à notícia do Telejornal de quarta-feira sobre os
novos deputados.
Em
comunicado, a ERC referiu que o processo contra a estação pública resulta da
"notícia do Telejornal de ontem [quarta-feira] sobre os novos
deputados", explicando que a abertura do mesmo "deve-se a indícios de
violação de direitos fundamentais dos cidadãos". Este anúncio surgiu
depois do director de informação da televisão (ainda) nacional, Paulo Dentinho
perante o anúncio do processo pela ERC ter vindo “esclarecer” que se tratou de
"um erro não intencional" a referência no feminino, feita pelo
apresentador José Rodrigues dos Santos, quando falava do deputado Alexandre
Quintanilha, a quem já foram pedidas desculpas.
Aqui, faço
mais uma pergunta: que vai sair deste imbróglio? Talvez nada. Num país em que
ainda na quinta-feira o senhor que vive em Belém e às nossa custas veio
reivindicar a necessidade de uma revisão constitucional para ampliar os poderes
do chefe do Estado. Mas quem é senhor gajo para se intrometer nos domínios da
Assembleia da República e do (des)Governo. Cada vez mais tenho vergonha desde
sujeito que se diz Presidente da República; infelizmente ainda tenho que o
aturar durante mais quatro meses.
Mas, voltando
a R. Santos ainda me pergunto se foi um “erro não intencional” ou uma demonstração
de homofobia? Quem souber – e se souber - responder-me que o faça. O ignorante
autor ficar-lhe-á muito grato. Mas mesmo assim, não posso ditar para a acta: se
eu fosse um Grande da RTP, José R. Santos já estava no olho da rua.
3 comentários:
A discussão da orientação sexual não é assim tão importante, leia-se: há que valorizar a disponibilidade emocional para educar/criar crianças.
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Explicando melhor:
-> Muitas mulheres heterossexuais não querem ter o trabalho de criar filhos... querem 'gozar' a vida; etc;
-> Muitos homens heterossexuais não querem ter o trabalho de criar filhos... querem 'gozar' a vida; etc;
-> CONCLUINDO: é uma riqueza que as sociedades/regiões não podem deixar de aproveitar - a existência de pessoas (homossexuais ou heterossexuais) com disponibilidade para criar/educar crianças.
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---> Já há mais de dez anos (comecei nos fóruns clix e sapo) que venho divulgando algo que, embora seja politicamente incorrecto, é, no entanto, óbvio:
- Promover a Monoparentalidade - sem 'beliscar' a Parentalidade Tradicional (e vice-versa) - é EVOLUÇÃO NATURAL DAS SOCIEDADES TRADICIONALMENTE MONOGÂMICAS...
{ver blogs http://tabusexo.blogspot.com/ e http://existeestedireito.blogspot.pt/}
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P.S.
Bandalheira: pessoal que não se preocupa com a construção duma sociedade sustentável (média de 2.1 filhos por mulher)... critica a repressão dos Direitos das mulheres... todavia, em simultâneo, para cúmulo, defende que... se deve aproveitar a 'boa produção' demográfica proveniente de determinados países [nota: 'boa produção' essa... que foi proporcionada precisamente pela repressão dos Direitos das mulheres - ex: islâmicos]... para resolver o deficit demográfico na Europa!?!?!
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P.S.2.
Direitos que aqui o je já vem divulgando há alguns anos:
1- O Direito à Sobrevivência de Identidades Autóctones : ver blog "http://separatismo--50--50.blogspot.com/".
2- O Direito à Monoparentalidade em Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas: ver blog "http://tabusexo.blogspot.com/".
3- O Direito ao Veto de quem Paga: ver blog "http://fimcidadaniainfantil.blogspot.pt/".
Caro comentador
Tento seguir o seu método;
1)O seu texto é muito bem organizado e igualmente articulado. Parabéns. Mas, no melhor pano cai a nódoa NÃO vem assinado...
2) O meu textículo era sobre a afirmação (muito infeliz e sem remédio) do sr. JRS; não diz qualquer apreciação sobre a maneira de viver dos homens e das mulheres; limitei-me a perguntar se era "erro" ou homofobia.
3) A Monoparentalidade e a Parentalidade têm o significado e o valor que lhes queiram atribuir; mas também não fui eu que trouxe à colação o tema. Apenas disse que Alexandre Quintalinha é homossexual assumido e casado com o escritor norte-americano Richard Zimler. Nem utilizei aspas...
4) Finalmente continuo a querer saber o que irá acontecer ao sr. Santos. Mas, parece-me que tenho de esperar deitado As calendas gregas são uma chatice...
Cumprimentos
Mas afinal o visado é homem ou mulher?
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