Todos
os dias ouvimos falar da importância que têm dentro dos partidos os chamados
aparelhos partidários. E ninguém tem dúvidas que hoje os órgãos directivos dos dois
principais partidos do poder – PS e PPD – são controlados pelos respectivos
aparelhos. Passos Coelho chegou a líder do partido e, consequentemente, a
primeiro-ministro, porque, fora do poder, ele e alguns dos seus indefectíveis
amigos tomaram de assalto o aparelho. António José Seguro, sempre “alheado” dos
problemas dos últimos tempos da governação Sócrates, foi conseguindo dominar o
aparelho, de tal modo que a ninguém espantou que tivesse ganho a liderança do
partido. É verdade que beneficiou da não “ida a jogo” de António Costa, mas será
que não teria ganho à mesma? E agora, o que sucederá se Seguro tiver de
disputar a liderança com António Costa? Provavelmente voltará a ganhar, mas uma
sondagem publicada hoje no Expresso mostra que António Costa é o preferido dos
portugueses, sobretudo daqueles que dizem ser simpatizantes do PS. Ora isto
quer dizer que se houvesse eleições primárias abertas, como há em algumas
democracias (por exemplo nos Estados Unidos – só assim Obama chegou a
Presidente), António Costa seria, naturalmente e com alguma facilidade, o novo
líder do partido. Seguro só é líder porque domina o aparelho.
Mas
se é verdade que Passos Coelho e António José Seguro são líderes porque dominam
os respectivos aparelhos dos partidos, também o é que estão reféns deles. Vão
ter que engolir muitos sapos vivos com as eleições autárquicas deste ano. Só
assim se compreende que Menezes seja o candidato oficial do PPD à Câmara do
Porto e António Parada o candidato do PS à Câmara de Matosinhos. Não há a mais
pequena dúvida: Ambos são candidatos dos
aparelhos. Dúvida há, e cada vez mais, quanto a algum deles poder ganhar a
Câmara a que concorre. Por mim, espero que não ganhem. E, se quanto a Menezes
ficarei muito contente e darei o meu contributo para isso (sou munícipe no
Porto), quanto a António Parada digo-o com muita tristeza. E aproveito para
mandar um recado a José Luís Carneiro, líder da Federação do PS/Porto: A
democracia não se esgota nem se resume a eleições; há outra regras, entre as
quais o respeito por quem serve, e bem, o país (neste caso o concelho) os
cidadãos e os partidos. Ah, e já agora explique-me: é normal que tenham entrado
para o PS, nos últimos tempos, cerca de dezanove mil novos militantes?
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