Foi pública a polémica que se criou com a substituição do anterior presidente do Centro Cultural de Belém, pelo actual. Pouco antes da nova nomeação, o Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, convencido de que tutelava tudo o que à Cultura diz respeito, assegurou a António Mega Ferreira que pretendia reconduzi-lo (quão ingénuo que ele foi! Esqueceu-se do Relvas?). Porém, porque havia um boy (e que boy!) para o lugar, mandaram-lhe dar o dito por dito e nomear para o cargo Vasco Graça Moura, um cavaquista "dos quatro costados", pouco predisposto a aceitar as ideias dos outros quando sejam diferentes das suas, pouco tolerante e com muito pouca capacidade de diálogo. Ah, e sinto agora, que também é algo vingativo. Vasco Graça Moura foi e é um opositor do Acordo Ortográfico, celebrado e assinado entre os países de língua portuguesa, desde as negociações e após a sua entrada em vigor no início deste ano. Devo dizer que, sem o fundamentalismo de VGM, também não escrevo segundo as regras do novo acordo. Mas, como aceito a Democracia sobre todos os aspectos, aceito-o porque foi legitimado por órgãos políticos escolhidos pelos cidadãos. Naturalmente que teria de o cumprir se tivesse alguma actividade num qualquer organismo do Estado.
Tomado o poder no CCB, VGM dá ordens imediatas aos serviços para não aplicarem o Acordo Ortográfico e, prepotência das prepotências, dá ordem para desinstalarem de todos dos computadores do Centro as ferramentas informáticas que adaptam os textos ao Acordo. Uma afronta à autoridade do Estado e uma desautorização do primeiro-ministro. E este, o primeiro-ministro, não pode ficar de braços cruzados. Tem que desautorizar VGM, porque os acordos assinados com outros países são ou não para cumprir?
2 comentários:
Que raio de vida! V. posta sobre o Vasco e o Acordo e eu idem...Mas, desta vez estamos em desacordo, até porque nenhum país o aplica ainda. Mais, é um mau acordo. E, ainda, não era necessário acordo nenhum. Quanto à afronta ao PM, que se amanhem. Julgo andar por aí a correr uma petição para o acordo ser revisto ou desacordado. Subscrevo, quando o encontar.
Provavelmente, não estaremos tanto em desacordo como pode parecer. Eu também não escrevo segundo o Acordo, também não concordo com ele e também acho que não precisávamos dele. Só que ele existe e entrou em vigor. Mais, nas escolas os professores, independentemente das disciplinas que leccionam, têm que corrigir os alunos segundo o Acordo, e os livros escolares seguem-no. Eu não criticaria VGM se ele mandasse retirar o descodificador do seu computador e, prepotentemente, não mandasse retirar os descodificadores dos outros. No fundo, com a arrogância que o caracteriza, VGM pensou: "Este trono aqui é meu; por isso sou eu que mando; portanto os meus súbditos, queiram ou não queiram, vão escrever como eu quero".
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