O ministro Relvas foi ontem ao Congresso Nacional de Freguesias, provavelmente a pensar que ia convencer os autarcas das mesmas da necessidade de se proceder à reforma que prevê a extinção de muitas delas. Esperava de certo alguma contestação, mas se calhar também esperava ser bem recebido e, porque não, ter uns momentos de alguma glória, já que a maioria dos autarcas daquele Congresso eram na sua grande maioria do seu PPD. Puro engano. Relvas foi muito mal recebido e muito contestado. Quando começou o seu discurso, metade dos delegados abandonou a sala e a metade que ficou interrompeu-o várias vezes por vaias e palavras de contestação e até alguns insultos. No final Miguel Relvas disse aos jornalistas, com uma cara igual à daqueles tipos a quem morre a sogra de quem não gostavam, que o "clima foi estimulado" e que estavam naquela reunião "vários autarcas". E, imitando aqueles que batem por trás e se escondem, disse que não apontava culpados. Ah, porque faz parte daqueles que em situações difíceis têm pouca coragem para enfrentar as situações, teve que sair pela "porta do cavalo". Coitado do Relvas!
Hoje o primeiro-ministro instado a comentar este incidente com o seu ministro da Presidência, disse que Miguel Relvas foi alvo "de uma contestaçõ organizada". Então, eu pergunto: Por quem? Ora, tendo em conta que uma maioria significativa dos presentes era do PPD; que metade sairam quando o ministro começou a discursar; e que a metade que ficou o vaiou, se calhar a contestação foi organizada por pessoal do PPD, não acham?
2 comentários:
Bastam 30 segundos de estudo da História pátria para qualquer um perceber que - à falta de grandes divisões religiosas ou étnicas no país - o tema do bairrismo local (que é o que está em causa quando falamos de extinção de freguesias e de concelhos) é o único tema intocável pela governação que, à mínima que faísca que nele acenda, incendiará o país.
A troika, como é evidente, não perdeu trinta segundos a estudar a história do país. O PS, o PSD e o CDS (que assinaram o acordo com a troika sem lhe explicar estas essências), como é evidente, também não. Mas a estes perdoa-se menos.
Terá sido o Mário Nogueira, que também anda desaparecido, a organizar a coisa?
Já o escrevi há tempos: o governo vai obter um 'Maria da Fonte', versão actualizada, isto é sem forquilhas, sacholas, engaços, estadulhos, pás e picaretas, mas com corte de estradas, marchas lentas, ausência de convites para inauguração das novas rotundas, tudo através do facebook e sms, e ainda desfiliação do partido no poder. E almoços de carne assada vão escassear.
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