terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ESTÓRIAS DO ZÉ GIL



A PRAZO


Tudo tem um prazo de promessa ou de cumprimento de dever. Mas estava longe de supor, ou ter de ouvir:
– Os casamentos deviam ser a prazo!
Mais: nas deambulações pelas páginas do Facebook, encontrei o pedido de amizade de Isabel Carvalho, a residir em Los Angeles, e casada, desde 2008, com Maria Odete (!). O uso da palavra casada surpreendeu, pois a maioria da gente nova escreve: a viver uma relação com... E casamento do mesmo sexo foi a primeira vez que me apareceu na Internet. Sem comentários: cada um é como cada qual, assim ouvia dizer ao Luís Doutor de Roalde, em pequenino. Mas, nas conversas sobre matrimónios, escutei da adolescente Maria do Amparo:
– Os casamentos deviam durar três ou quatro anos, renováveis por acordo dos consortes – e ainda complementou – casar para toda a vida é um disparate!
As afirmações foram sujeitas à crítica dos convivas, tendo por panóplia a sociedade antiga, a pós-moderna e a cidadania. Em suma, o bem e o mal... Conciliador, fiquei a meio caminho do que era bom e do que era mau e tive de recordar o caso do Chico.
Dos amigos e colegas dos filhos, que mais passaram lá por casa, desde a Primária à Universidade, fomos sabendo as notícias e as transformações no tempo, desde os cursos, casamentos, empregos, até aos baptizados dos descendentes e, dez quinze anos passados, estão todos (as) divorciados, menos o Vítor e o Chico, ainda com familiares na nossa rua.
Ao abraçar o Vítor no passeio, e perguntando pela Família, fiquei perplexo, quando ouvi, na última noitada de S. João:
– Já não são meus sogros!
Ainda fui escutando: “... O casamento chegou ao fim... Os meus filhos estão bem, estão com a Mãe...”
As conversas com a “ minha gente ” têm, agora, como leitmotiv o falar dos netos, a Júlia já fala do bisnetos (!) e nos casamentos da descendência, e vem à baila referir:
– Dos amigos dos meus filhos, só o Chico não se divorciou!
Passados dias, ao repetir a mesma deixa, tive a mágoa de ouvir do João:
– O Chico já se separou da mulher!
Os comportamentos das diferentes gerações sempre existiu, mas agora são mais profundos e propalados à velocidade da luz! É necessária uma nova formação dos pais e avós para poderem ser compreendidos ou justificados. Nas Escolas é urgente existirem leccionações, em aulas de Formação Familiar e Cívica, para se poder sanar a ocorrência:
As escadas do passeio dum prédio, em frente a uma Escola Secundária, são ocupadas pelos alunos, antes das aulas. Um condómino, ao passar com uma cadelinha, verifica que os jovens são simpáticos, levantam-se, deixam passar, e até fazem festas ao animal. Mas, ontem, uma moça snobe e espavorida, na passagem da cadela (para ela cão), disse:
– É parecido com o meu Pai!!!


Porto, 28 de Outubro de 2011


José Gil Correia Monteiro
jose.gcmonteiro@gmail.com




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1 comentário:

Anónimo disse...

menos mau