quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A Barragem e o Douro Património Mundial

Provavelmente muita gente que agora fala do Douro, a propósito da notícia de que a UNESCO pode vir a retirar a classificação de Património Mundial ao Alto Douro Vinhateiro, nunca lá foi admirar a paisagem, nunca fez algo pelo bem estar das populações que vivem naquelas terras e muito menos conhece a sua história e a importância que aquela Região Demarcada (a mais antiga do mundo) teve e continua a ter na economia de Portugal. Sou suspeito quando falo do Alto Douro e das suas gentes, pois nasci, cresci, estudei até ingressar na Universidade e iniciei a vida activa do trabalho no Coração daquela região de Portugal. Até uma pequena experiência na política foi lá passada. Por isso, e como toda gente que lá nasceu, sou muito bairrista e, apesar de não viver no Douro há mais de trinta anos, quando me perguntam de onde sou, digo sempre que sou do Douro (concretamente da Régua, a sua Capital), mas vivo no Porto. No entanto, não tenho dúvidas em afirmar sem bairrismo ridículo que aquelas paisagens são das melhores do Mundo e por issso, na altura, achei que era da mais elementar justiça que a UNESCO as considerasse Património da Humanidade.

Sigo agora com muita apreensão, toda a polémica que se pretende instalar à volta da construção da barragem do Tua. Se a barragem for avante, não será a única barragem no Douro. Há algumas maiores e mais à vista, no rio Douro, e outras mais pequenas e menos à vista como esta, como por exemplo no rio Varosa. Para lá da produção de energia eléctrica, as barragens do rio Douro, tornam-no navegável. Que bonito é apreciar a paisagem quando se participa num cruzeiro, subindo ou descendo este rio!

Aparecem agora os Ecologistas (as Quercus, os Geotas e outros), como sempre a apregoar a desgraça. Até certo ponto, são úteis pois obrigam as autoridades competentes, incluindo a EDP, a tomar medidas para reduzir o impacto paisagístico. Por uma questão de coerência com o nome ainda percebo as posições do partido "Os Verdes", mas dá-me o riso quando vejo o Bloco de Esquerda a exigir (como?) a suspensão da obra ou o Secretário de Estado a criticar o Governo de Sócrates. Porque não falaram antes. Uma coisa é certa: ninguém tira aquela paisagem ao Douro e aquele lindíssimo e valiosíssimo Património (material) será sempre dos Durienses.

Uma sugestão final: vale a pena ir ao monte de S. Leonardo, em Galafura, ao miradouro de Sto António em Fontelas e ao Monte de S. Domingos apreciar a beleza do Alto Douro Vinhateiro.

1 comentário:

500 disse...

Talvez a barragem não fosse tão necesária assim, dada a sua diminuta comparticipação para a produção de energia. O impacto ambiental não me parece importante, dada a sua localização. Importante, para mim, é que a dita barragem levou à destruição da Linha Férrea do Tua, um monumento do trabalho humano do século XIX, numa paisagem deslumbrante. Se, ao menos, a EDP reconstruísse a parte que vai ficar submersa, a uma cota mais elevada (ainda que não fosse a mesma coisa), de modo a preservar uma boa parte da linha, nada a opor. Assim, e por isso, confesso, não gosto da barragem ali.