segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

LIDO

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Hércules é o mais extraordinário herói que a mitologia grega produziu. Entre as mil e uma façanhas, conseguiu matar a Hidra de Lerna, um monstro aquático de sete cabeças e forma de serpente. A Europa do século XXI tem uma crise profunda, de dimensão económica, mas com raízes sociais, culturais e identitárias ainda não totalmente medidas, menos ainda diagnosticadas. Como a hidra lendária, sempre que uma cabeça é cortada nasce outra no seu lugar. Ora ganha a forma de xenófobos (em que nos tornámos), de terroristas (que vivem entre nós) ou dos senhores da guerra como aquela que, neste momento, na Ucrânia, nos está a bater à porta.
Na hidra dos nossos tempos, não é o Syriza a cabeça a cortar. Nem sequer a troika, as três cabeças que o senhor Tsipras quer decapitar. A Grécia contemporânea não tem mitos nem heróis, apenas desempregados e miséria. Não perceber isso, reduzir o que está hoje em causa a um conto de crianças é escrever um livro de terror que ninguém vai querer ler amanhã.

Sérgio Figueiredo, in DN 

Será que ainda, por estes dias, vamos ver a Grécia a cortar cabeças da hidra que pontifica na UE?

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