Um textículo do Henrique Antunes Ferreira, que anda, em vacances, pelas Índias e que sofreu um pequeno acidente
Nomes com 
História
Por 
Antunes Ferreira
Ainda 
não tinha contado que o Amigão Dr. Zito Menezes, já muitas vezes citado nas 
colunas da nossa Travessa, decidira levar-me à Professora Doutora Flora Miranda 
para que ela me visse a perna esquerda muito escalavrada. Assim aconteceu e 
ilustre médica receitou-me um antibiótico forte, um sabonete desinfectante e… 
Betadine. Pela consulta, paguei a exorbitância de 300 rupias, pouco mais de… 
quatro euros; uma exorbitância… Já comecei o tratamento e a pata esquerda parece 
melhorar.
Por 
isso, voltou-me alguma disposição, animado pelos Amigos Zito Menezes, Carminho 
Costa e Álvaro Amorim, este de longa data e que é o “presidente” da nossa 
tertúlia Sabores & Saberes que todas semanas às quintas-feiras se reúne no 
restaurante “Sabores de Goa” no Bairro das Colónias aí em Lisboa. Note-se que 
foi a única denominação escapada ao frenesim salazarento que, como bom 
provinciano, pensou ter enganado a ONU com a transformação em… províncias 
ultramarinas. Porém o Bairro manteve orgulhosamente a assim e ninguém foi capaz 
de do derrotar, por decreto-lei aprovado na Assembleia Nacional.
Daí 
que hoje na antevéspera do Carnaval (que por estas bandas é também e ainda muito 
comemorado, com desfile de carros alegóricos e toda a parafernália do entrudo) 
me decida a escrever um textículo tendo por cabeça ÁGUA DE COCO. Quem nunca a 
experimentou faça como disse o Camões: “mais vale experimenta-lo que julga-lo; 
mas julgue-o que não pode experimenta-lo. Serão prosas curtas e convalescentes. 
Férias são férias, serviço é serviço, conhaque é conhaque. 
Um 
exemplo: no centro de Pangim, mais coisa menos coisa, a caminho da praça da 
igreja da capital, há um jardim (que já vi mais do maltratado) e agora 
reconstruído pela “câmara municipal” da cidade, o City Council. Chama-se ele 
Garcia de Orta - quando 
puto o desgraçado que dissesse Garcia da Orta ira imediatamente 
premiado com cinco palmatoadas pela dona Clélia Marques, directora da escola 
Mouzinho da Silveira e professora da quarta-classe – em homenagem ao médico e 
botânico que chegou a físico da Imperatriz da Rússia, no século XVI.
Pois 
num dos prédios que o rodeiam pode encontrar-se o Clube Vasco da Gama onde nos 
tempos dos portugueses decorriam bailes famosos até de madrugada, com serviço 
aprimorado (e apropriado), onde eram famosos os croquetes de carne bem picantes, 
O clube fica num terceiro andar, debruçado sobre o jardim, mas hoje está 
reduzido a um restaurante sem grandes motivos para aplauso. Nele continuam a 
pontificar os croquetes, que posso dizê-lo por experiência própria têm vindo a 
definhar. A freguesia é cada vez mais menor. Por lá param muitos cabelos 
brancos, que mais dia, menos dia seguirão o seu destino final.
Nesta 
terra de contrastes mas também de singularidades, é curioso para um 
luso-viajante que aqui aporta encontrar esta curiosidade. Para quem já está 
habituado, com é o caso do escriba, não tem especial significado esta 
coincidência. No entanto, e mesmo assim, em prédios onde há mais de cento e 
muitas lojas que na maioria dos casos ostentam nomes como Vishal , Karmonkar e 
outros, um clube denominado Vasco da Gama com photographya e pendão do 
descobridor que inaugurou o caminho marítimo para a Índia sem transferência em 
qualquer estação e sem cor identificadora da linha – é obra. Ainda que os 
croquetes já não sejam o que era, Sic transit…
 
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