sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CONTRIBUTOS EXTERNOS

Um textículo do Henrique Antunes Ferreira, que anda, em vacances, pelas Índias e que sofreu um pequeno acidente



Nomes com História



Por Antunes Ferreira

Ainda não tinha contado que o Amigão Dr. Zito Menezes, já muitas vezes citado nas colunas da nossa Travessa, decidira levar-me à Professora Doutora Flora Miranda para que ela me visse a perna esquerda muito escalavrada. Assim aconteceu e ilustre médica receitou-me um antibiótico forte, um sabonete desinfectante e… Betadine. Pela consulta, paguei a exorbitância de 300 rupias, pouco mais de… quatro euros; uma exorbitância… Já comecei o tratamento e a pata esquerda parece melhorar.

Por isso, voltou-me alguma disposição, animado pelos Amigos Zito Menezes, Carminho Costa e Álvaro Amorim, este de longa data e que é o “presidente” da nossa tertúlia Sabores & Saberes que todas semanas às quintas-feiras se reúne no restaurante “Sabores de Goa” no Bairro das Colónias aí em Lisboa. Note-se que foi a única denominação escapada ao frenesim salazarento que, como bom provinciano, pensou ter enganado a ONU com a transformação em… províncias ultramarinas. Porém o Bairro manteve orgulhosamente a assim e ninguém foi capaz de do derrotar, por decreto-lei aprovado na Assembleia Nacional.

Daí que hoje na antevéspera do Carnaval (que por estas bandas é também e ainda muito comemorado, com desfile de carros alegóricos e toda a parafernália do entrudo) me decida a escrever um textículo tendo por cabeça ÁGUA DE COCO. Quem nunca a experimentou faça como disse o Camões: “mais vale experimenta-lo que julga-lo; mas julgue-o que não pode experimenta-lo. Serão prosas curtas e convalescentes. Férias são férias, serviço é serviço, conhaque é conhaque.
Um exemplo: no centro de Pangim, mais coisa menos coisa, a caminho da praça da igreja da capital, há um jardim (que já vi mais do maltratado) e agora reconstruído pela “câmara municipal” da cidade, o City Council. Chama-se ele Garcia de Orta - quando puto o desgraçado que dissesse Garcia da Orta ira imediatamente premiado com cinco palmatoadas pela dona Clélia Marques, directora da escola Mouzinho da Silveira e professora da quarta-classe – em homenagem ao médico e botânico que chegou a físico da Imperatriz da Rússia, no século XVI.

Pois num dos prédios que o rodeiam pode encontrar-se o Clube Vasco da Gama onde nos tempos dos portugueses decorriam bailes famosos até de madrugada, com serviço aprimorado (e apropriado), onde eram famosos os croquetes de carne bem picantes, O clube fica num terceiro andar, debruçado sobre o jardim, mas hoje está reduzido a um restaurante sem grandes motivos para aplauso. Nele continuam a pontificar os croquetes, que posso dizê-lo por experiência própria têm vindo a definhar. A freguesia é cada vez mais menor. Por lá param muitos cabelos brancos, que mais dia, menos dia seguirão o seu destino final.

Nesta terra de contrastes mas também de singularidades, é curioso para um luso-viajante que aqui aporta encontrar esta curiosidade. Para quem já está habituado, com é o caso do escriba, não tem especial significado esta coincidência. No entanto, e mesmo assim, em prédios onde há mais de cento e muitas lojas que na maioria dos casos ostentam nomes como Vishal , Karmonkar e outros, um clube denominado Vasco da Gama com photographya e pendão do descobridor que inaugurou o caminho marítimo para a Índia sem transferência em qualquer estação e sem cor identificadora da linha – é obra. Ainda que os croquetes já não sejam o que era, Sic transit…



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