António Saraiva, ex-sindicalista e já há algum tempo
presidente da CIP, foi um dos signatários do documento que defende a
reestruturação da dívida pública, conhecido por “manifesto dos setenta”
(conquanto tenha sido subscrito por setenta e quatro). Ora, tendo em conta que
António Saraiva não é anjinho, pois anda nestas coisas da política há muitos
anos (ser sindicalista e barão dos patrões é fazer política), sabia com certeza
que um manifesto como o que assinou iria ter grande impacto, atendendo a que um
número significativo dos seus subscritores são ex-governantes e/ou políticos de
relevo, pertencentes a partidos que vão do Bloco de Esquerda ao CDS/PP.
Pois bem, António Saraiva, numa entrevista que deu
ontem à rádio, mostrou-se arrependido por ter assinado aquele documento.
Justifica o Saraiva o seu arrependimento “ depois de todo o bruaá que houve à
volta do documento e das reações que dele advieram, bem como de alguma
politização” do mesmo.
Deu-me vontade
de rir quando ouvi e li o que ele disse, agravado pelo facto de ter reafirmado
que continua a concordar com a reestruturação. Coitado do Saraiva! Ele teve, ou
melhor tem, é receio das reações dos seus poderosos consócios, tendo em conta
que os ex-presidentes da CIP criticaram-no por ter subscrito o manifesto. No
fundo, ele não mudou de opinião; o que fez foi agachar-se aos poderosos!
Sem comentários:
Enviar um comentário