Antunes Ferreira
Há oito dias publiquei aqui uma crónica que tinha o título E se Trump
ganhar (as eleições)? Amigas e amigos diversos (ainda vou tendo alguns…)
começaram logo a gozar não apenas com o texto mas também com o autor – que era
e sou eu. Chegaram mesmo a chamar-me Pitoniso do Lumiar Ou, até, primo da Bruxa
da Arruda. Houve mesmo quem me enviasse por SMS a clássica citação do
futebolista João Pinto do Futebol Clube de Porto: “Prognósticos? Só no fim do
jogo”…
Não venho defender aqui e agora (expressão que teve o seu tempo) o poder
divinatório que dizem que me assiste. Mas, posso assegurar que o não tenho –
ou, se o tivera já seria um excêntrico pois teria acertado no primeiro prémio
de um Totomilhões, de preferência num daqueles super-hiper. A afirmação é
calina, vem dos tempos pré-históricos da lotaria, percorreu a saga da Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa e chegou ao “é fácil, é barato e dá milhões”.
Donald Trump é, pois, o novo Presidente dos Estados Unidos da América, o
45º desde George Washington. Um Presidente improvável, inesperável, inesperado,
porém fruto dum sistema eleitoral complicado como é o dos EUA. Por vezes é
difícil explicá-lo, sobretudo àqueles a quem a política na generalidade e a
norte-americana na especialidade pouco diz, ou mesmo não diz nada.
Se um candidato – como é o caso de Hillary Clinton – ganha em número de
votos por que bulas não será ele o próximo inquilino da Casa Branca. Mas, a
Constituição estabeleceu um procedimento eleitoral com regras muito próprias
que metem Colégios Eleitorais e coisas assim. Desta maneira, o truculento Trump
ganhou – e está ganho.
Agora muitos se interrogam sobre o comportamento deste milionário
incorrecto, mal-educado, acintoso, contraditório, que já mudou de discurso,
muitas vezes, Os analistas dizem que o homem será, como todos os Presidentes,
controlado, pelo poder legislativo e pelo judicial. Pois bem, dando de barato
que assim será, não se pode ignorar que há um poder que o Presidente dos EUA
tem e que ninguém controla: o de carregar no botão e desencadear uma guerra
nuclear.
Todas as análises post eleições valem o que valem, como acontece com as
sondagens. Mas entre todas registei uma: os norte-americanos – os eleitores
norte-americanos – não estão preparados para terem uma mulher na Presidência.
Porém também não o estavam para ter um negro na Casa Branca – até chegar Barak
Obama. Um dia destes chegará o tempo da primeira mulher.
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