sábado, 27 de agosto de 2011

Se não querem ser espiados (dizendo de outro modo, escutados), não espiem os outros

Pelos vistos, na tentativa de descobrirem as eventuais fontes de um jornalista, o Serviço de Informações Estratégicas do Estado (Serviços Secretos em linguagem mais prática), espiou o telemóvel de um jornalista do "Público", sem a devida autorização de quem de direito. No fundo, o SIED pretendeu descobrir, violando a lei, de que forma e por quem o mesmo jornalista era informado, também de modo ilegal, de algumas actividades daqueles serviços. Esta atitude do SIED está a indignar toda a gente, incluindo jornalistas e políticos, estes porque aproveitam a ocasião para se mostrarem politicamente correctos. É verdade que num Estado de Direito democrático, como o nosso, não é admissível que se façam, seja por quem for, escutas ilegais. Mas também é verdade que as leis se aplicam de modo igual a todos os cidadãos, que têm o dever de as cumprir. Ora, todos nós portugueses podemos e devemos condenar esta espionagem do SIED e exigir que se investigue o que se passou e se castiguem os transgressores. Mas os jornalistas, não. Não têm moralmente, num caso destes, o direito à indignação. Não é verdade que usam e abusam de escutas ilegais para infernizarem a vida de muitos cidadãos, sobretudo daqueles que exercem actividades políticas de relevo? Então, o que é que esperam? Se não querem ser espiados, não espiem os outros. E não me venham cá com o "dever indiscutível de informar". Indiscutível é o direito que todos os cidadãos têm, sem excepção, à reserva da sua vida privada. Já agora um recadito a António José Seguro, utilizando um adágio popular: "o peixe morre pele boca ".

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