Ditadores à rasca
Por Antunes
Ferreira
Chamem-se o
que se lhes quiser chamar mas a verdade é que ditadores são pura e
simplesmente… ditadores. Costumam rodear-se de cortes reverenciais povoadas
pelos yess men porque como diz o povo
“enquanto o pau vai e vem quem descansa são as costas” São eles que os adulam
que os apaparicam que os idolatram que os convencem que são deuses na terra ou
que detêm o poder porque a vontade divina assim o quis.
Nestes últimos dias morreu Fidel Castro, José
Eduardo dos Santos declarou que não se recandidatará a Presidente de Angola, o Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, foi derrotado nas
eleições. Todos eles são ditadores. Este último terá mesmo afirmado em dada
altura que “sentia orgulho em ser ditador”. Claro que estes casos não são regra
(antes fossem) mas poderiam ser um aviso para os muitos que ainda vão
sobrevivendo. Não são. Os ditadores têm orelhas moucas.
Fidel Alejandro Castro Ruz que a partir da Sierra
Maestra, acompanhado de seu irmão Raul e de Che Guevara, desencadeou una guerra de guerrilla que viria a derrubar
outro ditador o ex-sargento Fulgencio Baptista, manteve-se no poder durante 49
anos e transformou politicamente Cuba num estado socialista autoritário e uni
partidário. A sua aproximação à então União Soviética com a colocação de
mísseis nucleares na ilha podia ter estado na base da III Guerra Mundial.
Felizmente assim não aconteceu.
O estado de
decadência a que Cuba chegou deve-se muito a el Comandante. Os fugitivos que
estão refugiados nos Estados Unidos não conseguiam encontrar a Liberdade na sua
própria terra. Os lamentos, as carpideiras, as crianças agitando bandeiras e
sobretudo o macabro cortejo transportando as cinzas de Fidel foram um
espectáculo deprimente, uma encenação deplorável, uma homenagem desarrazoada a
um ditador. Porque Fidel Castro era um ditador .
Na Gâmbia Jammeh foi
(e ainda é) outro ditador. O antigo militar “reinou” no país africano durante
22 anos, e até à hora em que escrevo este texto ainda não reconheceu a sua
derrota. Temos de analisar o que ocorrerá com pinças, O homem, de 51 anos, tinha dito durante a
campanha que só Alá o poderia retirar do cargo…. E com isto está tudo dito a
respeito dele. Mas, não está. Especialista em declarações, cada uma pior do que
a outra teve o desplante de afirmar que dirigiria o país durante “mil milhões
de anos”…
Pelos vistos o tiro saiu-lhe pela
culatra o que não é mau, é péssimo, num militar que chefiou um golpe que o
levou ao poder. Mas a vida, mesmo a castrense, tem destas coisas: como os
alcatruzes da nora, uns em cima outros em baixo. E assim continuam, mesmo
quando o poço fica seco. Basta que o animal o não saiba e que o homem que o
chefia muito menos…
Chega-se agora a Luanda. O ainda
Presidente José Eduardo dos Santos ditador da mais fina esterpe, nomeou já o
seu sucessor na presidência. Claro que depois de eleições, como sempre entre
chapeladas, o que quer dizer manipuladas. Santos (é costume trata-lo por Dos
Santos, mas eu não gosto de transformar minúsculas em maiúsculas) é um dos
maiores corruptos do continente africano; até há quem diga do Mundo. Creio que
é um exagero…
Além disso a sua corte é um bom exemplo
do nepotismo mais descarado; não há familiar, seja directo, seja por adopção,
seja por compadrio, seja por matrimónio, que não tenha o seu tacho. Todos
abancam à mesa do Orçamento – se é que há orçamento, e havendo-o, que possa
contemplar todos – e se há alguém que duvide basta consultar os lugares
proeminentes dirigidos ou chefiados por familiares de Santos. A nomeação da
filha Isabel para presidente da Sonangol é sintomática.
Mas a nomeação de João Lourenço como seu
sucessor na chefia do MPLA (o partido único) que o mesmo é dizer na presidência
de Angola não é ditadura – é kimilsunguismo.
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1 comentário:
Parabéns pelo excelente artigo, amigo Henrique.
Então a parte que ao Fidel e a Cuba diz respeito, assino sem precisar de mais. É tal qual o que penso!
Abraço.
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