segunda-feira, 8 de agosto de 2016

CONTRIBUTOS EXTERNOS

A “telenovela” das sanções

Por Antunes Ferreira

A estória das sanções, das multas e quejandos está muito mal contada. Pelos vistos esteve sempre e penso que no futuro também estará. É uma telenovela com todos os matadores. As notícias vindas a público deixaram os portugueses com manifestações de euforia; melhor do que o tema - só sermos campeões europeus e o golo histórico do Éder. Tento aqui fazer uma tabela classificativa de várias situações. Deus me valha, uns à faca, outros à navalha…Só depois vêm as afinidades de Marcelo Rebelo de Sousa e quase simultânea a coça que o FMI deu no governador do Banco de Portugal. A resposta de Carlos Costa vem provocando ataques de hilaridade. E por isso já fica no carro de apoio…
Da primeira alínea deste comentário há que tirar algumas ilacções mas também diversas dúvidas. Primeiro tem de se ensinar ao povo, “jornalistas” e “comentadores” que multa zero e possíveis cortes nos fundos estruturais não são de todo a mesma coisa. Vai para aqui uma montanha de afirmações que mais parece uma feira da ladra… Bem pelo contrário: o perdão da multa já foi votado pelos comissários europeus, enquanto que no que toca aos cortes nos fundos estruturais continua a originar uma enorme ansiedade, sofrendo-se até se conhecer a deliberação que irá sair,  mas só em Setembro.
E se é certo que o regozijo do Presidente da República, do Parlamento e do Governo é absolutamente natural, já é de admirar (no mau sentido) a posição do PSD. Não fomos multados, muitos parabéns, dizem eles arremedando gargalhadas de hiena, mas imediatamente a declaração de que terminou o “folhetim de 2015”. É uma tentativa de branquear que foram os mesmos laranjas que originaram a confusão, quando no ano passado não respeitaram o défice de 3% constante do Pacto de Estabilidade e Crescimento da (des)EU. É uma forma acintosa de tentar varrer o assunto para baixo do tapete.

No que concerne à cena internacional, a Ucrânia, a Crimeia e a Rússia desapareceram da classificação. O que está a dar são as diversas declarações do Mr. Trump, uma pior do que a outra em fila interminável. Mas uma boa parte dos americanos gostam do homem e das suas bojardas; no entanto pode adivinhar-se o que será o Mundo se o multimilionário ganhar as eleições de Novembro e por isso se instalar na Casa Branca; portanto, mesmo tendo em conta a desilusão de Sanders, a vitória da senhora Clinton  (do mal o pior) a verificar-me originará muitos suspiros de alívio. Porém as sondagens muito equilibradas não sossegam os democratas.
Os símbolos dos dois partidos são um burro (PD) e um elefante (PR). Curiosamente o paquiderme é uma boa imagem de Trump: força e poder sob a égide do cornaca que é o dinheiro. Costuma dizer-se que nos Estados Unidos quem tem dinheiro tem poder e vence terminantemente. Mas os homens simbolizados por um burro não vão em cantigas; dizem-se trabalhadores, persistentes e também um pouco casmurros. Ninguém os tiram do lugar (da vitória) pois recusam-se a perder…
Nesta classificação também está muito bom colocado o papa Francisco com a sua visita, a solo, a Auschwitz. O Pontífice acrescentou muitos pontos com tal decisão, durante o Encontro da Juventude católica que decorre na Polónia. No fundo da tabela encontra-se a Indonésia que avançou com o enforcamento de várias pessoas alegadamente culpadas pelo tráfico de drogas, apesar dos protestos e das pressões (e das ameaças) vindas do estrangeiro. O Mundo em que (sobre)vivemos está mesmo louco.
Voltando ao tema inicial: o vencedor do “concurso” das multas da (des)União Europeia é António Costa e por arrastamento Mário Centeno. A “batalha” ganha em Bruxelas é a antítese do servilismo de Passos e Portas agachados perante a Frau Angela Merkel e Herr Wolfgang Schäuble. Mas ela também pertence ao Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. Um senhor chamado Cavaco tem forçosamente de fazer vénia ao seu sucessor, obviamente a contragosto. Comparar Marcelo e Cavaco é comparar o dia com a noite…
Depois deste arrazoado tenho de mencionar um facto que quase é uma anedota, porém muito triste: no Brasil roubaram a chama olímpica e apagaram-na. Creio que nunca acontecera tal estupidez criminosa. Enfim, depois das péssimas instalações da “favela olímpica” que os atletas de quase todos os países foram encontrar, aparece a tragicomédia da chama dos Jogos Olimpicos Rio 2016.Rsta dizer porque estamos no país das telenovelas: que mais lhes poderá acontecer…

Nota: publicado com atraso



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