A “telenovela” das sanções
Por Antunes Ferreira
A estória das sanções, das multas e quejandos está muito mal
contada. Pelos vistos esteve sempre e penso que no futuro também estará. É uma
telenovela com todos os matadores. As notícias vindas a público deixaram os
portugueses com manifestações de euforia; melhor do que o tema - só sermos
campeões europeus e o golo histórico do Éder. Tento aqui fazer uma tabela classificativa de várias
situações. Deus me valha, uns à faca, outros à navalha…Só depois vêm as
afinidades de Marcelo Rebelo de Sousa e quase simultânea a coça que o FMI deu
no governador do Banco de Portugal. A resposta de Carlos Costa vem provocando
ataques de hilaridade. E por isso já fica no carro de apoio…
Da primeira alínea deste comentário há que tirar algumas
ilacções mas também diversas dúvidas. Primeiro tem de se ensinar ao povo,
“jornalistas” e “comentadores” que multa zero e possíveis cortes nos fundos
estruturais não são de todo a mesma coisa. Vai para aqui uma montanha de
afirmações que mais parece uma feira da ladra… Bem pelo contrário: o perdão da
multa já foi votado pelos comissários europeus, enquanto que no que toca aos
cortes nos fundos estruturais continua a originar uma enorme ansiedade,
sofrendo-se até se conhecer a deliberação que irá sair, mas só em Setembro.
E se é certo que o regozijo do Presidente da República, do
Parlamento e do Governo é absolutamente natural, já é de admirar (no mau
sentido) a posição do PSD. Não fomos multados, muitos parabéns, dizem eles
arremedando gargalhadas de hiena, mas imediatamente a declaração de que
terminou o “folhetim de 2015”. É uma tentativa de branquear que foram os mesmos
laranjas que originaram a confusão, quando no ano passado não respeitaram o
défice de 3% constante do Pacto de Estabilidade e Crescimento da (des)EU. É uma
forma acintosa de tentar varrer o assunto para baixo do tapete.
No que concerne à cena internacional, a Ucrânia, a Crimeia e
a Rússia desapareceram da classificação. O que está a dar são as diversas
declarações do Mr. Trump, uma pior do que a outra em fila interminável. Mas uma
boa parte dos americanos gostam do homem e das suas bojardas; no entanto pode
adivinhar-se o que será o Mundo se o multimilionário ganhar as eleições de
Novembro e por isso se instalar na Casa Branca; portanto, mesmo tendo em conta
a desilusão de Sanders, a vitória da senhora Clinton (do mal o pior) a verificar-me originará
muitos suspiros de alívio. Porém as sondagens muito equilibradas não sossegam
os democratas.
Os símbolos dos dois partidos são um burro (PD) e um
elefante (PR). Curiosamente o paquiderme é uma boa imagem de Trump: força e
poder sob a égide do cornaca que é o dinheiro. Costuma dizer-se que nos Estados
Unidos quem tem dinheiro tem poder e vence terminantemente. Mas os homens
simbolizados por um burro não vão em cantigas; dizem-se trabalhadores,
persistentes e também um pouco casmurros. Ninguém os tiram do lugar (da
vitória) pois recusam-se a perder…
Nesta classificação também está muito bom colocado o papa
Francisco com a sua visita, a solo, a Auschwitz. O Pontífice acrescentou muitos
pontos com tal decisão, durante o Encontro da Juventude católica que decorre na
Polónia. No fundo da tabela encontra-se a Indonésia que avançou com o
enforcamento de várias pessoas alegadamente culpadas pelo tráfico de drogas,
apesar dos protestos e das pressões (e das ameaças) vindas do estrangeiro. O
Mundo em que (sobre)vivemos está mesmo louco.
Voltando ao tema inicial: o vencedor do “concurso” das multas da (des)União Europeia é António Costa e por
arrastamento Mário Centeno. A “batalha” ganha em Bruxelas é a antítese do
servilismo de Passos e Portas agachados perante a Frau Angela Merkel e Herr
Wolfgang Schäuble. Mas ela também pertence ao Presidente da República Marcelo
Rebelo de Sousa. Um senhor chamado Cavaco tem forçosamente de fazer vénia ao
seu sucessor, obviamente a contragosto. Comparar Marcelo e Cavaco é comparar o
dia com a noite…
Depois deste arrazoado tenho de mencionar um facto que quase
é uma anedota, porém muito triste: no Brasil roubaram a chama olímpica e
apagaram-na. Creio que nunca acontecera tal estupidez criminosa. Enfim, depois
das péssimas instalações da “favela
olímpica” que os atletas de quase todos os países foram encontrar, aparece
a tragicomédia da chama dos Jogos Olimpicos Rio 2016.Rsta dizer porque estamos
no país das telenovelas: que mais lhes poderá acontecer…
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