– A L E G R I A –
Gil Monteiro*
Alegria é como o pó que existe no meio ambiente. Não se vê
mas sente-se os efeitos, por vezes é incontrolável e forte. Por exemplo: o
abraço a um filho emigrado ou a piada do colega Joaquim, que prima por estar
calado! Fica-se contente, e resplandece, tal como a luz que nos alumia!
Cuidado, a exceção pode matar! Podem ser foguetes potentes de morteiros, que
nos cegam nos arraiais! Viver sempre (mesmo em espírito), entre o resplendor da
luz perpétua será possível?!
Quando a alegria bate a jorros é de desconfiar, assim como
chorar por muito rir. Depois de avaliar uma ópera cómica porquê chorar?!
Charles Chaplin foi um grande cómico muito ternurento. Tinha
uma mímica mágica para as mulheres e crianças. Era um normal protetor dos
carenciados. Chorar, perdido de riso, foi ver o filme Luzes da Ribalta, quando
menino! Até conseguia “ver” as pulgas a saltar! Charlot continua a ser o meu
herói!
Outra ternura, agora tanto em voga, é o trato dado aos
animais de qualquer espécie, principalmente aos cães rafeiros, sem donos certos
e afeiçoados. Há uma palavra muito expressiva e delicada -
“partilhar” - e quando se refere aos animais domésticos,
enche o coração de carinho.
Quando o tempo de alegria passa, deixa um vácuo de
sentimentos, onde só as lágrimas (mesmo vertidas para dentro!) ou para fora dos
olhos, são o resultado, e clamam amor!
Amor do Céu ou do meio ambiente?! Deus é Pai e perdoa, mas a
nossa própria mãe é, e será sempre a eterna paixão
Se o exército fosse formado por mulheres, a artilharia ia à
falência e as camaratas das enfermarias não tinham ocupantes e, dificilmente
havia terroristas ou suicidas. Daí serem tão desprezadas, desde a Babilónia –
os romanos conquistavam e as romanas ouviam música. No Condado Portucalense
assim se teria passado?!
O que levará a dança e a música a provocarem tantos
sentimentos de satisfação e alegria?
No pequeno cortejo, a caminho da capela, para se realizar o
casamento do último filho da viúva, o noivo ao ver a mãezinha a chorar, de
coração aflito, pergunta:
– Por que choras,
querida Mãe?!
– Não sei se é por
tristeza ou alegria!...
Choveu. Casamento abençoado...
Porto, 3 de
julho de 2016
*José Gil Correia Monteiro
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