Por Antunes
Ferreira
Depois do Japão
ter atacado e quase destruído Pearl Harbor os americanos passaram a apelidar o
país do Sol Nascente como o perigo amarelo. Derrotando as forças armadas de
Tóquio com o lançamento de duas bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagazaki, os
Estados Unidos (que usaram pela primeira vez a arma nuclear) deixaram de usar a
expressão pois tinham eliminado o tal perigo amarelo. Washington não contava
com o milagre japonês. Foi um dislate lamentável.
Se voltarmos
uns bons anos atrás veremos que o criador do anátema foi Guilherme II,
imperador da Alemanha que se referia à China o que deu origem a mitos diversos
e alimentou milhares de páginas de jornais e livros sensacionalistas em busca
do aumento de tiragem para sobrevirem. Já no século XX o perigo amarelo com que
os EUA apelidavam em chacota os japoneses mudou-se com armas (financeiras) e
bagagens (económicas) para Beijing.
Veio agora à
estacada a notícia de o Império do Centro criou um supercomputador capaz
de realizar 93 quadrilhões , (ou seja 93 milhões de milhões de milhões de
milhões na nossa língua) de operações de cálculo por segundo, de longe o mais
rápido do mundo. É o novo trunfo da tecnologia chinesa. E é também um
verdadeiro susto. Por isso Barack Obama tentou, em vão, impedi-lo de conhecer a
luz do dia, quando em Abril do ano passado proibiu a exportação de
processadores de alto desempenho para o rival asiático. Falhou.
Para o Mundo
inteiro este é o resultado do gigantesco desenvolvimento da ciência, da técnica
e da tecnologia da República Popular da China. De resto e noutra dimensão quem
acreditaria que Beijing ia revolucionar o planeta em pouco mais de vinte anos?
Mas foi capaz de o fazer, ponto. Mesmo aqui em Portugal se olharmos para os investimentos
chineses só não abrimos a boca porque ou entra mosca ou sai asneira. Desde a
Saúde até à Energia vai um passo acelerado que ninguém pode ignorar.
Aliás em
quantas ruas de quantas cidades, vilas e aldeias do nosso país se encontram as
lojas e os restaurantes chineses? Que trabalham sete dias por semana e praticam
preços que a concorrência lusa não pode bater? Resumindo e concluindo: são
inúmeros. Mas estas e estes serão apenas peanuts? Serão; mas são apenas a ponta
do iceberg que significa que as nossas
finanças e a nossa economia já não estão apenas nas mãos de Bruxelas. O perigo
amarelo também conta. E de que maneira.
A decisão do
Ministério do Comércio norte-americano, ou seja de Barak Obama visava impedir o
desenvolvimento destas máquinas na China, com a justificação de estarem a ser
"usadas em atividades nucleares explosivas". Mas, segundo os seus
criadores, o Sunway TaihuLight -
assim se chama o supercomputador - servirá antes para investigar as ciências da
vida, melhorar a análise de dados e a produção de algumas fábricas, assim como
aprimorar a previsão do estado do tempo. No entanto também é considerado um
instrumento ideal, essencial e indispensável para a segurança nacional em ambos
os países. Além de poderem contribuir
para os programas nucleares, permitem uma maior eficácia em matéria de ciber-segurança,
um "campo de batalha" que gera cada vez mais preocupações.
O chamado
perigo amarelo já abandonou a ficção. Além dos Estados Unidos, este híper
computador não pode ser escamoteado nem ignorado por uma Europa velha e
alquebrada que alega ter uma União quando a realidade é que tem uma (des)União.
Entretanto cá vamos protagonizando ou só assistido ao folhetim - desgraçado e
perigoso para muita “boa” gente - da Caixa Geral de Depósitos a que o falecido
José Hermano Saraiva sempre chamava dos Depósitos.
Somos realmente uns gajos porreiros, pá…
Sem comentários:
Enviar um comentário