Burlas &
falsificações
Por Antunes Ferreira
Nós, os Portugueses sempre fomos,
somos e seremos espertalhaços. Há quem diga golpistas. Se se tenta adoçar a quantificação,
ter-se-á de acrescentar em bastantes
casos… Mas na verdade há que afirmar na
maioria dos… o que não é mau, é péssimo; porém o famoso desenrascanço as
mais das vezes safa-nos. Como sabemos, a palavra é difícil de compreender e até
hoje a Academia Britânica que produz o dicionário oficial do Reino Unido (?) continua
em palpos de aranha para o traduzir. É um pouco como o fado que é um
bico-de-obra quando alguém tenta fazer a sua tradução.
Não se exagera quando se diz que
um outro termo é, infelizmente, também muito frequente em Portugal: corrupção.
Que vem aumentado exponencialmente. Pode referir-se que não somos os únicos a
pratica-la, que no Brasil, na Itália, na Índia e em muitos outros países, quiçá
em todo o Mundo se faz o mesmo. Mas, com o mal dos outros pode-se bem, A corrupção
casa com a burla é evidente. O que significa que também somos burlões.
É conhecido mundialmente o Mundo
o episódio Alves dos Reis que praticou o maior caso de falsificação da nossa História
com as notas de 500 escudos com a efigie de Vasco da Gama para o Banco de
Portugal porém com a sobrecarga ANGOLA. O maior burlão conseguiu obter notas
falsas iguais às verdadeiras. Em termos jurídicos a burla qualificada é um
crime público Houve em 2007 a tentativa de a despenalizar mas mesmo com a lei a
esse respeito ela continua nos termos do Código Penal.
São bem conhecidas as burlas no
Serviço Nacional de Saúde que começaram a ser investigadas pela Polícia
Judiciária em 2010. Entre 2012 e 2016, a Unidade de Combate
à Corrupção da Polícia Judiciária realizou 451 buscas em hospitais,
consultórios médicos, farmácias e residências, e deteve 66 pessoas, entre as
quais médicos, farmacêuticos, delegados de informação, entre outras
pessoas que colaboraram nas fraudes. Em 2014, e pela primeira vez, o tribunal
deu como provada a associação criminosa numa burla ao SNS. Nesse processo que
tinha 18 arguidos, 16 foram condenados — 13 dos quais a penas de prisão
efectiva. As burlas ao SNS têm custado ao Estado cerca de mil milhões de euros.
Esta semana a Polícia Judiciária deteve dois médicos e
uma farmacêutica por suspeitas de burla ao Estado e falsificação de receitas
médicas. A confirmarem-se estes crimes, o Serviço Nacional de Saúde poderá ter
sido lesado em cerca de um milhão de euros. Mais uma acha para a fogueira.
Chamando aqui termos de bombeiros as burlas continuam incontroláveis e sem
qualquer indício de que possam ser apagadas…
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