sexta-feira, 13 de março de 2015

CONTRIBUTOS EXTERNOS



Mais um contributo do HAF, que continua por Goa a correr de médicos para as farmácias


ÁGUA DE COCO

Pobre Sporting

Antunes Ferreira

Perto do mercado de Pangim, nos prédios que o rodeiam há consultórios médicos a dar por um pau. Católicos (que vão diminuindo, acompanhando o se passa com a população cristã) hindus das mais diversas origens, muitos destes sendo goeses, chineses, tibetanos, muçulmanos; anestesistas, ortopedistas, cirurgiões de todas as especialidades, cardiologistas, oftalmologistas, otorrinos. Descobri nestas minhas andanças sanitárias uns quantos esculápios judeus goeses. Por vezes também é possível encontrar magos, curandeiros, adivinhos, endireitas, e muitos mais falcatrueiros que teimam em fingir que são melhores do que os clínicos verdadeiros. E em tentar impingir-nos os seus “beneméritos serviços”

Em todas as sociedades desde o Norte ao Sul, do Oeste ao Leste podem-se descobrir figurões deste quilate, vi-os na China, na Venezuela, em Cachemira, na Austrália, nos gelos pré polares da Lapónia e do Canadá, enfim, por toda a parte em que tenho posto o pé, ou, melhor no plural. Deixem-me que vos conte uma peculiaridade local. Quando se pergunta a um cidadão mais ou menos tisnado nascido nestas latitudes o que ele é a resposta é imediata sou goês. E perante a então os outros de tonalidades iguais, de imediato salta a afirmação: esses são indianos… No mínimo, curioso.

Foi num deles que fui encontrar a Dr.ª Flora Miranda que, como já contei, é dermatologista e professora universitária. Depois da consulta o Zito Menezes, a Raquel e eu fomos a uma farmácia para comprar os medicamentos receitados. Estrategicamente situada no rés-do-chão do edifício existe uma. Dois senhores e uma senhora atendem ao balcão os pacientes. O estabelecimento nem parece ser farmacêutico, o balcão de atendimento dá directamente para a rua, aliás prática quase generalizada.

Excepção para a Farmácia Salcete, na 18 de Junho, a rua principal da capital um tanto à maneira duma Rua Augusta, (onde se encontram as principais lojas, incluindo as de marcas), obviamente muito menor, mas com o trânsito diabólico que vigora em Goa – e no resto da Índia. Na minha rua, que já vos disse onde fica, existe outra, modernaça, mas em contrapartida com muitas faltas de mezinhas. Porém com donos simpatiquíssimos, dando logo a entender que são goeses, até nos pedidos de desculpas pelas carências nas prateleiras.

Porém, já me alonguei demasiado; volte-se então à farmácia já citada no prédio onde abundam os consultórios médicos. Quem nos atende fala um português fluente, obviamente como sotaque local. Mas o outro farmacêutico e a senhora idem também se expressam na língua de Camões e de Pessoa, ou seja a nossa. O Dr. Zito Menezes que os conhece bem aponta o primeiro e diz, sorridente, este é dos nossos. Zito é sportinguista ferrenho, eu sou-o também, mas mais moderado e portanto o farmacêutico também é leão, o que confirma de modo assaz tímido.

Embora havendo quórum não se realizou uma assembleia-geral verde e branca; os dois restantes elementos da farmácia não se pronunciaram sobre a cor clubista e a minha esposa é… lampiona.  Lá se compraram os medicamentos e despedimo-nos dos camaradas com saudações leoninas. Se o famigerado Bruno ali estivesse – o que felizmente não acontecia – ficaria de cara à banda ao ver essa manifestação sportinguista.

conhecia a famosa Confeitaria Italiana verdadeira demonstração viva do sportinguismo; na parede está pintado o emblema do Sporting Clube de Goa, igualzinho ao nosso, só que com um G em vez do P. De confeitos, bolos, bolachas não tem nada; já de vinhos e outros álcoois não falta nada. Por decreto do Bento Miguel, seu proprietário ali só se pode falar do verde-e-branco. Ai de quem o fizer. A multa não está afixada na porta, mas é melhor ter cuidado. E logo me salta à memória a Maria José Valério com o cabelo pintado de verde: “Viva o Sporting! Quer se possa ou não se possa, a vitória será nossa…”

Entretanto, no Dragon aconteceu a desgraça dos 3-0, seguido por outros desastres, qual deles pior do eu o antecessor: nem fui à Confeitaria, mas contaram-me depois que parecia um funeral. Não gosto deles; o último a que irei, será o meu e muito obrigado…



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