domingo, 11 de maio de 2014

A UE E A CRISE


Ajudas a Portugal e Grécia foram resgates aos bancos alemães

É incorrecta a narrativa que os alemães contaram a si próprios de que a crise do euro teve a ver com o Sul a querer levar o dinheiro deles, diz ex-conselheiro de Durão Barroso.
Philippe Legrain, ex-conselheiro do actual presidente da Comissão Europeia DR



Então, em sua opinião, os resgates a Portugal e Grécia foram sobretudo resgates disfarçados aos bancos alemães e franceses para os salvar dos empréstimos irresponsáveis, e que estão a ser pagos pelos contribuintes portugueses e gregos?
Claro que foram. No caso de Portugal, também havia bancos espanhóis, mas que também tinham obtido empréstimos dos bancos franceses e alemães. Era uma cadeia....
Isso significa que o sofrimento dos portugueses, o desemprego astronómico, os cortes de salários e pensões e os aumentos de impostos, tudo isto foi feito para salvar os bancos alemães e franceses?
Bom, é preciso sublinhar que dado o crescimento gigantesco do crédito que aconteceu em Portugal antes de 2007, Portugal sofreria de alguma forma. Não estou a dizer que seria tudo perfeito. Mas a recessão foi desnecessariamente longa e profunda e, em resultado dos erros cometidos, a dívida pública é muito mais alta do que teria sido. A austeridade foi completamente contraproducente, as pessoas sofreram horrores e isso prejudicou imenso a economia.
Mas pelo menos parte da dívida pública foi assumida para salvar dívida privada, incluindo dos bancos, portugueses e alemães. O que significa que são os contribuintes portugueses que estão a pagar para salvar esses bancos?
Sim, é verdade.
Numa união europeia, numa união monetária, governos e instituições europeias puseram os  interesses dos bancos à frente do bem estar das pessoas?
Essa é a questão essencial. Estou inteiramente de acordo. Na primeira fase da crise, já foi suficientemente mau que os contribuintes tenham tido de salvar os bancos dos seus próprios países. Mas quando o problema alastrou a toda a UE, o que aconteceu foi que a zona euro passou a ser gerida em função do interesse dos bancos do centro – ou seja, França e Alemanha – em vez de ser gerida no interesse dos cidadãos no seu conjunto. O que é profundamente injusto e insustentável.

Extracto de uma longa entrevista a Philippe Legrain, antigo conselheiro económico de Durão Barroso, publicada hoje no Público 
Uma longa entrevista, que vale a pena ler, para confirmar aquilo que se suspeitava: incompetência da Comissão, do BCE e de líderes da UE, e o interesse em salvar os bancos alemães e franceses à custa dos países periféricos, mais débeis. 

3 comentários:

Kim disse...

E eu a pensar que tudo era culpa do malvado do Sócrates!

Anónimo disse...

Cunhamigo

Junte-se uma jornalista e um ex-conselheiro do Cherne e bata-se bem. Adicione-se umas pitadas de mentirolas coelho-portas-cavaco; bata-se de novo. Tempere-se com piri-piri (muito) ácido sulfúrico q.b., soda caustica e uns grãos de arsénico. Bata-se bem nos salafrário-mentirosos até se escoarem pelo ralo do lavatório, direitinhos ao cano de esgoto

Se conseguissem aguentar, serviam-se acompanhados de agências de notação esturradas.

Abç

500 disse...

Alinho pelo comentário do Kim.
Tudo isto, incluindo o cherne e a Merkel, é devido à sinistra figura socrática, que fez desabar o mundo. Deviam obrigá-lo a tomar cicuta, para redenção dos mercados.