A Direita radical

A Direita mais conservadora e radical, capitaneada pela Igreja Católica com o Cardeal D. José Policarpo à cabeça, quer vingar-se de Cavaco Silva pelo facto de este não ter vetado a lei que passou a permitir o casamento de pessoas do mesmo sexo.

Reconheço à Igreja Católica e ao Cardeal Policarpo o direito de criticar medidas governativas e outras medidas implementadas por leis ou regulamentos aprovados pela Assembleia da República; reconheço-lhes até o direito de fazerem a desconstrução dos argumentos do Presidente quando, dirigindo-se ao país, justificou a promulgação da lei. O que já não aceito é que um membro do clero português, por sinal o de estatuto mais elevado, diga que o Presidente foi eleito com os votos da maioria dos católicos, ou que se o Presidente tivesse vetado a lei ganhava as eleições. Conheço muitos católicos que não votaram em Cavaco Silva, e muitos não católicos que não concordando com a lei, não iriam mudar o seu sentido de voto, votando em Cavaco Silva, se este a tivesse vetado.

Nestes tempos de crise, devia a Igreja Católica preocupar-se mais com a situação das pessoas mais desfavorecidas que acabam sempre por serem as mais afectadas pelas medidas que pretendem combatê-la. Esperava também, neste tempo, um certo resguardo por parte da hierarquia da Igreja, já que muitos dos seus servidores têm cometido actos indignos da instituição que Jesus Cristo pediu a Pedro para edificar.

Duas notas finais: 1 - Sou contra a lei que permite o casamento de pessoas do mesmo sexo, mas dou o direito aos outros de serem a favor;

2 - Porque é que a direita radical sondou Bagão Félix para se candidatar a Belém, não tinha melhor? Pobre direita radical.