Saraiva & Coelho
Por Antunes Ferreira
Não li a obra obrada nem conto lê-lo. No entanto, uma coisa
creio que posso dizer a respeito dele: vai ser um best-seller. Infelizmente. O
povo gosta das coisas que metam sexo e sangue. O Correio da Manha a Sábado e a
TVI são nisso peritos. Desta feita o sexo vence o alguidar. Como já perceberam
trata-se do abjecto livreco do arquitecto José António Saraiva ex-director dos
semanários “Expresso” e “Sol”. Que muita tinta tem feito correr neste pequeno
rectângulo situado no sudoeste da Europa. E que vem dando dores de cabeça às
agências de publicidade: o barulho que originou dispensa-as. Por mal dos nossos
pecados.
Conheço este Saraiva de casa de seu tio José Hermano de quem
era compadre, pois fui o padrinho do crisma do seu primogénito também José.
Desde puto que se revelou um queixinhas, um cusco, um bajulador e um mentiroso
– demasiadas “qualidades” juntas num gaiato de sete anos, mesmo para mim que
tinha catorze. Por isso posso atestar o que aqui escrevo, dispensando porém a
minha palavra de honra. Que o escroque não merece, nem nunca lha havia de dar.
O escarro intitulado “Eu e os políticos” é um chorrilho de perfídias,
lama que Saraiva lança sobre pessoas cujas fotos aparecem escarrapachadas na
capa, desde Mário Soares até António Costa passando entre muitos outros por
Jorge Sampaio, Manuela Ferreira Leite, António Guterres, Santana Lopes e muitos
outros. No centro dela – sintomático – há um buraco de fechadura querendo
informar sem margem para dúvidas qual a metodologia utilizada na confecção da
javardice.
Cada um sabe as linhas com que se cose e Saraiva sabe-as
bem. É sua a escolha acanalhada. Diz que aborda a vida sexual dos escolhidos. O
que já é reles; mas faz pior: põe na boca de pessoas já mortas afirmações por
certo mentirosas que as falecidas citadas não podem desmentir ou defender-se –
nem com uma mesa de pé-de-galo. O biltre sabe-se assim impune e escreveu
certamente com os pés carregados de chulé as sacanices que me dizem recheiam o
livreco. Em resumo, a juntar às outras “qualidades” também é cobarde.
Porém, como
é sabido toda a moeda tem duas faces: no caso presente o anverso é Saraiva o
reverso é Passos Coelho. Isto porque o (ainda) líder do PSD iria apresentar a
obra convidado pela Gradiva editora do insulto. Um seu assessor declarou ao
“Público” que “O Dr. Pedro Passos Coelho aceitou o convite mesmo antes de ler o livro.
Este convite foi aceite tendo em conta a admiração que o Dr. Pedro Passos
Coelho tem pela carreira e pelo papel que o arquitecto José António Saraiva
desempenhou e desempenha no jornalismo português". De seguida Coelho
insistiu na sua decisão. "Não sou de
voltar com a palavra atrás nem de dar o dito por não dito. Estarei a fazer a
apresentação dessa obra".
Mas o “não sou de voltar com a palavra atrás nem de dar o dito por não dito”
foi mesmo mandado para trás e dito por não dito e mandado às urtigas. Coelho
veio dizer que já não apresentava a bosta. Vai, vai, não vai. Passos até parece
um vaivém especial. Já se sabia que o homem era mentiroso e especialista em
inventar; foi-se sabendo que era produtor da desgraça, promotor
do alarmismo, em suma o velho/novo do Restelo, melhor dizendo da Rua de São
Caetano à Lapa. Mas desta feita soube-se que era um perito em dar tiros no pé
(dele), utilizando de preferência como arma um míssil intercontinental.
O (re)aspirante a São
Bento, à austeridade e ao resgate assim não vai lá. Muita gente que o apoiou - e
que o endeusou – já torce o nariz: se o gajo é capaz disto, é capaz de muito
mais. E é.
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