sábado, 17 de setembro de 2016

CONTRIBUTOS EXTERNOS


Por Antunes Ferreira
Hoje, mesmo sem vos pedir permissão vou – em vez de fazer o habitual comentário – transcrever passos do discurso do Presidente da República proferido ontem, sexta-feira a encerrar o Congresso da OROC. Penso que, concordando ou não, ele deve ser pelo menos um contributo assinável para o debate nacional que no nosso país vem sendo objecto de extrapolações algumas sem razão de ser…

"2016 ou 2017 não são 2011. Por muito que seja tentador para uns atacar o panorama que forçou ao memorando de entendimento e para outros atacar os que executaram esse memorando, é bom que se tenha presente que o mundo mudou e a Europa também. Na Europa, a disposição que existiu para programas de ajustamento como o de 2011 já não existe, tal o número de questões e desafios que surgiram. E sucessivas eleições e referendos nos próximos anos não a trarão de volta", avisou Marcelo Rebelo de Sousa que ainda deixou um apelo para que não sejam desperdiçadas "energias nesses debates estéreis, sobre se vai ou não acontecer o que a ninguém aproveitaria dindo concentração no fundamental: Garantir um rigor financeiro requerido, a justiça social possível e o bom senso de evitar medidas que afastem o investimento interno e externo".
Segundo o PR, as economias com défice em processo de controlo "sabem que têm de contar em primeira linha consigo próprias", quer as que cortaram no investimento público e tiveram défices menores, mas também menor crescimento, quer as que não cortaram e tiveram défices maiores, mas cresceram mais”. “E que não ganham nada em passar a vida a debater, na luta quotidiana, cenários que não podem ocorrer, tal como nunca apareceriam programas com remédios externos para alegada salvação interna", criticou a discussão levantada ainda sobre um eventual novo resgate a Portugal. E por isso pediu que seja garantida "a estabilidade política, financeira e fiscal tão necessária".
Outro tema que abordou foi o OE para 2017. Na sua opinião considerou que ele requer "ponderação, serenidade e muito bom senso" pois que "conjugar rigor, com justiça e resistir ao erro de afugentar investimento com medidas aparentemente sedutoras para o rigor ou emblemáticas para preocupação social, mas negativas no conteúdo ou na forma para a visão dos investidores, é um exercício difícil".
"A análise sobre o Orçamento do Estado para 2017 ganhará em ser compreensível para os portugueses e para isso serena, pensando no médio e longo prazo e não apenas no dia-a-dia imediato". O debate democrático é salutar e acentuou "ademais quando há duas visões muito diversas acerca de governação do país". "Mas será bom que esse debate possa ser entendido pelos portugueses, com clareza e sem paixão, o que supõe serenidade. E que olhe não somente para o curto prazo, mas para horizonte mais vasto", .
Para o chefe do Estado enquanto quase tudo se concentrar "no calor da luta de cada dia, em miniciclos políticos", será perdido "em perspetiva de fundo" e não se ganhará em credibilidade dos políticos e das instituições.
Leram? Eu também. Por isso entendi que substituir o comentário pelas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa é salutar. Concorde-se ou não com ele, há que admitir que é essencial no momento político que estamos a viver.

(Um agradecimento ao Diário de Notícias onde foram publicados estes excertos)

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